São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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Polícia investiga participação de jovens em mais crimes

RENATA GIRALDI

RENATA GIRALDI; WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A polícia de Brasília investiga a possibilidade de envolvimento dos cinco jovens responsáveis pela morte do índio Galdino Jesus dos Santos em um incêndio no apartamento do zelador do prédio vizinho ao de dois deles.
No dia 3 de setembro de 96, às 2h10, um objeto em chamas foi jogado no apartamento do zelador do bloco I, em frente ao bloco J, onde moram os irmãos Tomás Oliveira de Almeida, 19, e G.J., 16.
Em plena madrugada, o zelador Advino Modesto da Silva saiu pedindo ajuda aos zeladores dos blocos vizinhos para apagar o fogo, que destruiu o apartamento. Por falta de provas, a polícia arquivou o inquérito.
A polícia está revendo várias investigações para saber se os acusados pela morte do índio Galdino participaram de outras ações criminosas.
Os policiais estão particularmente interessados nos casos de dois mendigos que morreram queimados enquanto dormiam.
Vizinhos
Segundo os vizinhos, os irmãos Tomás e G.J., eram calmos, tranquilos e sem vícios.
"Nunca imaginei que eles fossem capazes de fazer o que fizeram. Eram sempre educados", disse o vizinho Luiz Carlos Menezes.
Os irmãos moram com a mãe, o namorado dela e uma irmã, de 7 anos. O primo Eron Chaves de Oliveira, 18, era companheiro inseparável dos dois irmãos.
Eron é filho de uma funcionária pública e do PM Eronivaldo José de Oliveira. O garoto mora na Asa Sul de Brasília com a mãe e mais dois irmãos menores. Eronivaldo não quis receber a Folha ontem em seu apartamento.
Para os que conheciam Eron, foi "um choque" sua participação no crime. O porteiro do prédio conhece Eron desde os 15 anos e diz não conseguir acreditar que ele tenha feito "aquela maldade". "Ele é um ótimo rapaz", afirmou.
No apartamento onde a família de Eron mora, ninguém foi encontrado. O porteiro disse que todos saíram na noite de segunda-feira.
Max Rogério Alves, 19, foi o motorista do carro onde estavam os garotos na madrugada do crime. Max era considerado calmo, tranquilo e nunca causou problemas na quadra onde morava.
"Estou impressionado com tudo o que aconteceu", disse o zelador do prédio de Max, Adaílton Galdino, que conhece o rapaz há três anos. A família de Max (a mãe, a irmã e o padrasto) passava o feriado na cidade de Caldas Novas (GO) quando soube do crime.
Na tarde de ontem, segundo os amigos da família, a mãe de Max estava sob efeito de sedativos.
O único que recebeu visitas enquanto era autuado na delegacia foi Antônio Novély de Vilanova, 19, filho do juiz Novély Vilanova da Silva Reis. O pai esteve na delegacia acompanhado da noiva. A única orientação do juiz para o filho foi que ele respondesse às perguntas apenas em juízo.

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