São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997 |
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Tapuia é como são Tomé: só acredita vendo
BARBARA GANCIA
Agora, a sociedade volta a se assombrar com o caso dos animais que atearam fogo ao índio. E, mais uma vez, reage como se isso nunca tivesse acontecido. Pois é hora de acordar, moçada! Essa forma de "entretenimento" é velha conhecida dos moradores de regiões como São Bernardo e Santo André, onde grupos neonazistas deitam e rolam. Vai dizer que você nunca ouviu falar nos carecas e nos punks da periferia, que, a fim de debelar o tédio de cada dia, pegam travestis, garotas de programa e mendigos para cristo? Vai dizer que você não sabia que eles fazem gato e sapato com os pobres coitados? E que, segundo o padre Júlio Lancellotti, líder da Pastoral do Povo da Rua, há mais de 20 anos os mendigos de São Paulo procuram dormir em grupo, na tentativa de evitar a ação de piromaníacos e neonazistas que os hostilizam por esporte? Para seu governo, ó leitor que está nesta vida a passeio, só este mês ocorreram em São Paulo três casos parecidos com o de Brasília. Nos anos 70, quando o movimento punk surgiu na Inglaterra, a coisa mais comum era ler nos jornais que mais um aposentado tinha sido surrado e morto no metrô pelos punks. Claro, no caso de Brasília os punks são de fino trato. Têm berço, assim como os estudantes da UNE que promoveram o quebra-quebra no escritório do ministro Pelé, né não? Isso causa espanto. Mas tapuia lá pode se dar ao luxo de tomar susto com safadeza? Nossa jovem democracia tem muito o que aprender com o singular exemplo de maturidade demonstrado semana passada no jogo Vasco x Volta Redonda. A vaia dos vascaínos contra o juiz que roubava a favor do Vasco foi um sopro de ar fresco para quem já está por aqui de corrupção e injustiça. Texto Anterior: Jovens são separados de presos Próximo Texto: Presente de grego; Descoberta; Peito, Pitta! Índice |
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