São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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"Sandman" retorna para fim de sua saga

PEDRO CIRNE DE ALBUQUERQUE
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Após seis meses sem aparecer nas bancas brasileiras, Sandman, o principal personagem das histórias em quadrinhos adultas da editora DC Comics, está de volta.
A revista do Sandman alcançou tal repercussão nos Estados Unidos que a DC Comics criou um selo apenas para a publicação de histórias adultas, o Vertigo (leia matéria abaixo).
As histórias do Sandman foram publicadas durante oito anos nos Estados Unidos, de outubro de 87 a janeiro de 96, completando 75 números.
No Brasil, as histórias passaram a ser publicadas em novembro de 1989, mas, devido a várias interrupções na publicação, o final da saga ainda não foi publicado.
Folclórico
A princípio, Sandman não é um personagem de histórias em quadrinhos, mas sim uma lenda da mitologia anglo-saxônica.
Muito antes de aparecer nas páginas de algum gibi, ele já figurava em histórias infantis.
No primeiro número da revista brasileira, é citado o ano de 1837 como o da primeira aparição do personagem, em uma história do contista dinamarquês Hans Christian Andersen.
Antes dele, porém, já há citações a Sandman no conto "O Homem de Areia", do ficcionista e músico alemão E. T. A. Hoffmann (1776-1822).
O nome do personagem, que significa "homem-areia", vem do fato de as pessoas esfregarem seus olhos quando estão com sono.
Dizia-se, então, que Sandman soprava areia mágica nos olhos das pessoas para fazê-las dormir, e que ele podia lhes proporcionar bons sonhos ou terríveis pesadelos.
A primeira adaptação do personagem para os quadrinhos aconteceu em 1940, era de ouro dos quadrinhos de super-heróis.
O escritor Gardner Fox, responsável pela adaptação, transformou Sandman em um super-herói que patrulhava sua cidade à noite munido apenas com uma pistola que disparava um gás sonífero.
Este personagem ficou conhecido no Brasil como Homem-Máscara, por ostentar uma portentosa máscara amarela que o impedia de respirar seu gás sonífero.
A segunda versão nas HQs do "Senhor dos Sonhos" surgiu em 1974, pelas mãos de Jack Kirby e Joe Simon, os criadores do Capitão América.
O novo Sandman também era um super-herói, mas mostrado com uniformes e poderes diferentes de seu predecessor de três décadas.
A versão definitiva, nos quadrinhos, para o mito de Sandman surgiu em outubro de 1987.
Não mais um super-herói, o personagem apresentado pelo trio Neil Gaiman, Sam Kieth e Mike Drringenberg é, como seus criadores definem, uma "personificação antropormófica". Ou seja, um estado ou sentimento com forma de homem.
Ele faz parte de uma família, os Perpétuos, que surgiram com o nascimento do Universo e só desaparecerão quando o próprio Universo também encerrar a sua existência.
Sandman, ou Sonho, é o terceiro membro da família. Cada pessoa que o vê o interpreta de uma maneira, de acordo com os costumes de seu povo e com suas experiências individuais -como acontece com os sonhos na vida real.
Os outros seis Perpétuos também são metáforas de como o escritor inglês Neil Gaiman interpreta certos aspectos da vida real.
São eles: Destino, Morte, Destruição, Desespero, Desejo e Delírio. O jeito de falar e de se vestir de cada um, bem como suas peculiaridades, demonstram características daquilo que eles representam.

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