São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Arquivo é inaugurado sem novo mobiliário

PATRICIA DECIA
DA REPORTAGEM LOCAL

A nova sede do Arquivo do Estado, na rua Voluntários da Pátria, em Santana (zona norte de SP), foi inaugurada ontem, mas ainda não está com equipamentos e mobília definitivos.
Todo o acervo da instituição, que completou 275 anos, foi transferido para o prédio nos fichários e estantes utilizados na antiga sede da rua Dona Antônia de Queiroz (centro).
Apenas hoje seria aberta licitação para a compra de mobiliário e equipamentos para a nova sede, segundo o diretor do Departamento de Museus e Arquivos, Carlos Alberto Dêgelo.
A antiga sede está totalmente comprometida. Há rachaduras, vazamentos de água e rede elétrica danificada. Cerca de R$ 300 mil deverão ser gastos na reforma, que transformará o prédio em arquivo intermediário -de catalogação de documentos.
A cerimônia de inauguração do novo prédio, uma fábrica de tapetes que levou cerca de dez anos para ser reformada, teve a presença do governador Mário Covas.
Além dele, compareceram os secretários estaduais Marcos Mendonça (Cultura), Emerson Kapaz (Ciência, Tecnologia e Desenvolvimento Econômico), Rose Neubauer (Educação) e José Afonso da Silva (Segurança Pública).
Também foram à cerimônia os reitores da USP, Flávio Fava de Moraes, e da Unesp, Antônio Manoel Silva, o rabino Henry Sobel, presidente da Congregação Israelita Paulista, e a deputada federal Zulaiê Cobra Ribeiro.
Covas visitou a exposição "Cidadão sob Suspeita", com fotos e documentos do extinto Deops, entre eles a certidão de óbito de Carlos Lamarca, os registros de informes da "Operação Marighella" e a ficha de Vladimir Herzog.
Em seguida, foi procurar sua própria ficha no Deops, numa sala do terceiro andar do prédio. Encontrou-a -o documento estava previamente separado-, sorriu e posou para fotógrafos.
Com 10 mil m2, a nova sede do arquivo recebeu 50 mil livros, 12 mil jornais, 1 milhão de imagens e milhares de documentos.
O acervo permanente é composto por três partes. A primeira são os arquivos públicos, reunindo documentos produzidos pelo poder público paulista desde o período colonial.
Há ainda os arquivos privados, ou seja, acumulados por pessoas ou entidades privadas. Entre eles estão arquivos de ex-governantes.
A terceira e última parte é a documentação iconográfica, com o arquivo fotográfico do jornal carioca "Última Hora", álbuns de retratos e a mapoteca.
Segundo o diretor Fausto Couto Sobrinho, a capacidade das novas instalações é cinco vezes a do antigo prédio, apesar de o projeto inicial não ter sido implantado em sua totalidade. O projeto, desenvolvido por especialistas franceses com a participação do ex-diretor José Sebastião Witter (que ficou no cargo entre 77 e 87), previa a reforma e construção de cinco blocos.
Apenas três foram concluídos. Dos outros dois, restaram as fundações, sobre as quais foi construído um jardim de esculturas. De acordo com Sobrinho, no futuro, caso haja necessidade, os prédios podem ser levantados.
Um ponto polêmico do projeto é a não-utilização de sistema de ar-condicionado central para a conservação dos documentos. Segundo Sobrinho, a característica já havia sido definida no projeto inicial, devido à espessura das paredes e à ventilação natural do local.
A reforma teve um custo de R$ 22 milhões, sendo que a atual administração entrou com R$ 16,2 milhões como investimentos. A obra é a maior do governo Covas na área de cultura.

Texto Anterior: Alguns festejos do Centenário de Pixinguinha
Próximo Texto: Prédio tem espaço cultural
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.