São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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'Giselle' de Lacotte chega ao Municipal

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O espetáculo "Giselle", que o Ballet National de Nancy et de Lorraine estréia hoje no Teatro Municipal de São Paulo, tem como chancela Pierre Lacotte, responsável pela reconstrução dessa obra-prima do balé romântico.
Diretor artístico da companhia desde 1991, Lacotte é uma autoridade internacional na remontagem de obras clássicas. Sete anos atrás, ele trouxe ao Brasil sua reconstituição de "La Sylphide", dançada na época por estrelas do ballet da Ópera de Paris e por bailarinos brasileiros do Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
"Procuro transmitir uma visão completa do estilo, da técnica, da essência de uma época, sempre levando em conta o sentido da obra e as intenções do autor", diz.
Aos 65 anos, Lacotte é um guardião da tradição que já trabalhou com personalidades históricas da dança, como Balanchine e Rudolf Nureyev. Na juventude, brilhou como bailarino da Ópera de Paris. Na época, conviveu com profissionais que haviam trabalhado diretamente com nomes como Marius Petipa (1818-1910), coreógrafo de uma lista de clássicos, como "O Lago dos Cisnes".
"As obras-primas clássicas são documentos únicos, que não podem ser esquecidos. Meu melhor exemplo é Maria Callas, que devolveu o respeito e o amor às tradições da ópera. Resgatando obras esquecidas, ela ofereceu ao público oportunidades emocionantes."
Em sua remontagem de "Giselle", Lacotte procura trazer de volta o clima de encantamento desse balé, apresentado pela primeira vez em 28 de junho de 1841, no teatro da Academia Real de Música de Paris.
Segundo o jornal francês "Le Monde", a versão de Lacotte para "Giselle" é uma das melhores já realizadas na segunda metade deste século.
Inspirado em uma história fantástica originalmente escrita pelo alemão Heinrich Heine, "Giselle" fala das willis, jovens noivas que morriam antes do casamento e que, ao anoitecer, ressuscitavam para dançar à luz da lua.
Esse tema, transformado em balé pelos coreógrafos Jules Perrot e Jean Coralli, ganhou um conjunto de danças tão bem realizado que a história, em si, fica secundária.
Na temporada em São Paulo, o Ballet de Nancy traz como estrela principal o russo Andrei Fedotov, ex-bailarino do Ballet Bolshoi de Moscou. Para o papel da rainha das willis, Lacotte escolheu a brasileira Ana Gonzaga, de 19 anos, que integra o elenco francês.

Espetáculo: Ballet National de Nancy et de Lorraine
Quando: hoje e amanhã, às 21h ("Giselle"); sexta, às 21h (programa contemporâneo)
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 222-8698)
Quanto: de R$ 10 a R$ 80

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