São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 1997
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Russos bloqueiam mostra nos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Dois veículos da Embaixada da Rússia em Washington estão bloqueando há uma semana a saída de um caminhão com jóias e objetos de arte da família imperial russa, os Romanov, que foram exibidos por dois meses para 80 mil pessoas na Galeria Corcoran, na capital dos EUA, e deveriam seguir para outra mostra em Houston, Texas, sul do país, a partir de 11 de maio.
O incidente, que tem merecido grande atenção dos meios de comunicação em Washington, foi provocado porque o governo russo quer as jóias dos Romanov em Moscou para as comemorações do 850º aniversário da cidade.
Mas a entidade que as trouxe para os EUA, a Fundação de Cooperação Cultural Russo-Americana, exige que os contratos feitos por ela com os museus norte-americanos interessados em exibir os objetos sejam mantidos. Se a mostra em Houston não abrir na data programada, a fundação terá que pagar US$ 150 mil de multa.
Enquanto isso, as peças mais caras da coleção -no valor estimado de US$ 100 milhões- foram levadas de volta para o interior da Galeria Corcoran, onde as condições de segurança são melhores. Mas o grosso da exposição está no caminhão, na avenida Nova York, cercada pelos carros diplomáticos.
O embaixador da Rússia, Iuli Vorontsov, está furioso com o diretor da Corcoran, David Levy, a quem acusa de ter-se apropriado de valores pertencentes a seu país.
Levy se justifica, dizendo que ele tem um contrato com a fundação, que é privada, não com o governo da Rússia, e não pode entregar os objetos sob sua custódia a não ser para ela. O governo dos EUA, pelo menos por enquanto, tem tentado se manter à margem do confronto.
A embaixada diz que o governo russo cedeu as jóias e objetos à fundação para que eles fossem mostrados nos EUA sob determinadas condições que, segundo Vorontsov, não foram cumpridas.
Entre as acusações que o embaixador faz à fundação estão a de não ter tomado os devidos cuidados com a segurança das peças, de ter "supercomercializado" as mostras e de ter excluído os representantes do governo russo de "decisões-chave" sobre o roteiro e as datas da exibição.
O diretor da fundação, Michael Goldstein, diz que a acusação de "supercomercialização" é "absurda e idiota" e que o contrato entre sua entidade e a Rússia deixava todas as decisões sobre a mostra nos EUA a seu critério.
Mas ele concorda que houve problemas de segurança na Corcoran que, argumenta, seria corrigidos em Houston.

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