São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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Promotor denuncia policiais e bicheiros

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

O Ministério Público denunciou 43 policiais e 65 bicheiros paulistas. A cúpula do jogo do bicho está sendo acusada de formação de bando ou quadrilha e corrupção ativa. Os policiais, todos civis, são acusados de corrupção passiva.
Também foi pedido ao juiz da 7ª Vara Criminal de São Paulo que decrete o sequestro dos bens dos 108 denunciados, pois eles teriam sido obtidos de forma ilícita.
Cópias da denúncia serão enviadas a promotoria de Justiça da Cidadania, que deverá abrir ações civis públicas contra os policiais sob a acusação de enriquecimento ilícito e improbidade administrativa.
Além disso, a Procuradoria da República também receberá cópias para analisar os casos de sonegação fiscal. A Receita Federal já recebeu a documentação e está multando os acusados.
A investigação sobre a relação entre o jogo do bicho e o crime organizado em São Paulo começou em 11 de abril de 94 após descoberta de listas de pagamentos feitos pelos bicheiros no Rio de Janeiro.
O inquérito foi concluído em dezembro passado com 548 volumes e 109 mil páginas -é o maior já feito pela polícia paulista. As principais provas do inquérito foram as contabilidades apreendidas de alguns bicheiros.
A investigação também quebrou os sigilos fiscal e bancário dos acusados. O Ministério Público também fez uma pesquisa nos cartórios de imóveis de São Paulo e no Departamento Estadual de Trânsito para saber quantos imóveis e carros pertenciam aos acusados.
A perícia contábil constatou que todos os policiais acusados movimentavam em suas contas bancárias somas superiores ao que havia sido declarado no Imposto de Renda. Além disso, alguns possuíam patrimônio incompatível com seus salários.
"É importante ressaltar que só foi pesquisado os imóveis no Estado e que estavam em nome dos acusados. Muita coisa pode não ter sido descoberta", afirmou o promotor Gabriel Cesar Zacarias de Inellas, autor da denúncia.
Outras provas colhidas foram cadernetas e agendas de bicheiros com os nomes e telefones de delegacias e de policiais, além de um estatuto da Associação dos Banqueiros do Jogo do Bicho da zona leste de São Paulo.
Divisão
A denúncia apresenta um mapa de como a Grande São Paulo foi dividida entre os bicheiros e aponta o banqueiro do bicho Ivo Noal como o chefe dos chefes do bicho.
Além dele, outras três famílias dominariam a cúpula do jogo : os Parisi, os Spinelli de Oliveira e os Sampaulo. "Acuso o primeiro e o segundo escalão do bicho. Eles pagavam propinas para manter a polícia longe do jogo", disse Inellas.

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