São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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TATA AMARAL

"Pelo pouco que eu conheço do que está sendo feito por pessoas na faixa de 25 a 35 anos, é um cinema com forte tendência ao não-maniqueísmo. Essa é uma tendência que eu chamaria, meio levianamente, de 'anticartesiana', 'antiaristotélica'. No sentido de que na matriz básica do cinema americano toda dramaturgia conflui para um herói, que tem um desejo, passa por provações e acaba conseguindo realizá-lo.
Acho que eu e muitos outros de nós estamos inseridos nessa tendência histórica. Tenho uma formação de cinéfila. Antes de querer fazer, via filmes e anotava. Cheguei a ver 400 por ano...
Das pessoas muito importantes para mim, citaria Jean-Luc Godard. Ele está para o cinema como Proust está para a literatura. Citaria também o Spielberg, a síntese do sonho, a síntese do cinema do herói. E o Wim Wenders do começo dos anos 80, que trazia uma coisa estética no olhar e aquela frase que me fascinava: 'A vida é colorida, mas o preto-e-branco é mais realista'.
No caso específico de 'Um Céu de Estrelas', o filme que vou lançar agora, a referência, o filme de cabeceira, foi 'Vício Frenético', do Abel Ferrara, justamente pelo despojamento da mise-en-scène, que me atraía muito.
O Harvey Keitel, em especial, está muito despojado no filme. Era um pouco isso o que eu queria dos atores."

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