São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Curador espanhol seleciona brasileiros

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O curador espanhol radicado em Nova York Octavio Zaya esteve no Brasil esta semana para selecionar artistas para três mostras que cura este ano e em 1998.
Zaya foi o responsável pela seleção das galerias latino-americanas que participaram da feira de arte Arco 97, em Madri, que este ano foi dedicada à América Latina. A feira aconteceu em fevereiro. O Brasil compareceu com a maior representação: oito galerias.
A primeira mostra de Zaya, "Alternating Currents", acontece a partir de 12 de outubro dentro da Segunda Bienal de Johannesburgo.
Curada por Zaya e Okwvi Enwezor, reunirá 80 artistas, sendo 16 latino-americanos. Os brasileiros selecionados são Rosângela Rennó e Rivane Neuerschwander.
"'Alternating Currents' é uma metáfora sobre duas correntes que se alternam para, em alguma medida, exemplificar as problemáticas que existem ou que se produzem devido à globalização cultural: as problemáticas da terceirização do Primeiro Mundo e da intromissão cultural do Primeiro Mundo no mundo em desenvolvimento. As problemáticas se diferenciam devido aos diversos graus de modernização dos centros marginais", disse Octavio Zaya.
Além dos brasileiros, participam artistas como Stan Douglas (Canadá), Gabriel Orozco (México) e Hans Haacke (Alemanha).
Para a mostra "Trans-Atlántico", Zaya selecionou 22 artistas internacionais, entre eles dois brasileiros: Rosângela Rennó e Jac Leirner. A mostra começa em fevereiro de 1998 no Centro Atlántico de Arte Moderno, nas ilhas Canárias (Espanha) e pode seguir depois para o Centro de Arte Reina Sofía, em Madri.
"O sincretismo será tratado do ponto de vista dos contatos e dos conflitos. Me interessam os conflitos religiosos, como o crescimento do islamismo nos EUA; por que o terrorismo é entendido como arma de libertação e como arma de opressão; como o turismo implica em uma sobreposição das problemáticas locais, como se o turista acumulasse culturas da mesma forma que acumula milhas. As problemáticas que surgem devido às leituras superficiais das culturas me interessam", disse.
A mostra "El Jardín de los Senderos que se Bifurcan" empresta seu título de um texto do escritor argentino Jorge Luis Borges. "A mostra toma como ponto de partida a idéia labiríntica da identidade que Borges inaugurou em 'Aleph' e 'Ficções'. Estamos falando de uma contínua bifurcação de identidade", disse.
A mostra começa em Copenhague, em abril de 1998, e depois segue para Oslo (Noruega) e Reikjavík (Islândia).
Participarão seis brasileiros entre 22 latino-americanos. Os brasileiros são Rivane Neuerschwander, Cildo Meireles, Vik Muniz, Rosângela Rennó, Miguel Rio Branco e Marcelo Krasilcic. Iran do Espírito Santo também poderá ser confirmado.
"Não é uma exposição sobre a América Latina, mas sobre produções com história, que é algo que a globalização cultural pretende dissolver. Pretendo recuperar e sublinhar as diferenças", disse.

Texto Anterior: LÍRIO FERREIRA
Próximo Texto: Balé francês traz coreografias que marcaram o século 20
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.