São Paulo, sexta-feira, 25 de abril de 1997
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EUA negam ter treinado tropas que invadiram a casa

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA; PAULO HENRIQUE BRAGA
DE WASHINGTON

O governo dos EUA admite ter treinado policiais peruanos em programas antiterrorismo como parte de um programa de cooperação entre os dois países iniciado na década de 80. Mas nega ter tido qualquer participação no resgate dos sequestrados na casa do embaixador do Japão em Lima.
O Departamento de Estado afirma nunca ter recebido soldados do Exército peruano que, segundo o governo do Peru, foram os responsáveis pela ação desta semana.
Joseph Reap, porta-voz da Divisão de Combate ao Terrorismo do Departamento de Estado, diz não saber se os policiais treinados dos EUA passaram informações recebidas em Washington aos militares envolvidos no resgate.
Kenneth Bacon, porta-voz do Departamento da Defesa, nega que as Forças Armadas dos EUA tenham dado qualquer apoio logístico ou de treinamento aos militares do Peru. Mas ele afirma que o Pentágono (sede do comando militar dos EUA) tinha uma equipe preparada para ajudar os peruanos. Segundo Bacon, o país agradeceu, mas recusou o auxílio.
Na Agência Central de Inteligência dos EUA (CIA), um porta-voz se recusou a comentar o assunto, quando procurado pela Folha. A polícia federal (FBI) negou qualquer ligação com a operação.
O presidente Bill Clinton só soube do resgate depois que ele começou a ser noticiado pela TV, de acordo com seu porta-voz, Mike McCurry. Clinton saudou a operação, mas decidiu não telefonar para seu colega Alberto Fujimori nem fazer declaração formal sobre o episódio.
A maioria das entidades de defesa dos direitos humanos nos EUA condenou a ação de Fujimori.
Muitas delas, que têm lutado pela libertação de Lori Berenson, uma norte-americana de 28 anos presa no Peru por ligações com o MRTA, acham que as chances de ela conseguir algum tipo de redução da pena de prisão perpétua a que foi condenada diminuíram.
O atual embaixador dos EUA na ONU, Bill Richardson, estava entre as pessoas que tentavam liberar Berenson.
Apoio britânico
Autoridades britânicas confirmaram que uma tropa de elite do Reino Unido assessorou militares peruanos no planejamento do resgate que encerrou a crise de reféns.
Um grupo de seis membros da SAS, uma tropa britânica especializada em ações como a ocorrida em Lima, foi para o Peru pouco antes do Natal e esteve em contato com o governo peruano.
Especulava-se que o grupo poderia entrar em ação caso a guerrilha começassem a executar reféns.
A SAS é considerada a tropa mais eficiente do mundo em operações de resgate de reféns.
Em 1977, integrantes do grupo ajudaram policiais alemães no resgate de passageiros em um vôo da Lufthansa em Mogadício, na Somália. A aeronave foi sequestrada por terroristas do Oriente Médio.

Com PAULO HENRIQUE BRAGA, de Londres

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