São Paulo, domingo, 27 de abril de 1997
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Cicatrização envolve a proteína colágeno

DA REPORTAGEM LOCAL

Em operações que envolvem o uso de pontos cirúrgicos, a cicatrização, ao contrário do que ocorre quando é usada a cola biológica, começa por um processo inflamatório. Segundo Julia Maria Matera, da Faculdade de Medicina Veterinária da USP, a cicatrização consiste na restauração do tecido cortado por meio de um conjunto de reações do próprio organismo.
Tudo começa quando os fibroblastos -células do tecido conjuntivo- passam a liberar, no local cortado, uma proteína chamada colágeno, importante para que ocorra a cicatrização.
O colágeno liberado é depositado no local atingido, provocando a formação de fibras que vão reconstituir o tecido.
Na fase final, chamada de retração, começa a surgir o epitélio -tecido que cobre superfícies interna e externa do corpo.
A cicatriz não será eliminada, mas o uso de técnicas e materiais adequados permite obter bons resultados estéticos.
"Sempre tentamos deixá-la em cima de rugas, pregas de pele ou tentar escondê-la para que fique praticamente imperceptível", explica Juvenal Frizzo, chefe de cirurgia plástica do Hospital Heliópolis, em São Paulo.
A sutura é feita para aproximar os tecidos e suportar as tensões causadas pelos movimentos da musculatura. "Os pontos simplesmente servem para aproximar tecidos para que ocorra a cicatrização", diz Dan Linetzky Waitzberg, do departamento de cirurgia da Faculdade de Medicina da USP.
Cirurgiões plásticos usam basicamente dois tipos de fios: os absorvíveis e os não absorvíveis. Os absorvíveis são feitos de material orgânico, como tripa de carneiro.
Um processo inflamatório faz com que esses fios sejam absorvidos pelo organismo. São usados em locais de difícil -dentro da boca e nariz, por exemplo.
Os resultados estéticos dependem do tipo de pele. A cicatrização em pacientes de pele negra e amarela tende a ser pior do que os de raça branca. "Não existe uma explicação para isso. A cicatriz ainda é um mistério", diz Frizzo.

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