São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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FHC diz que crítica à venda da Vale é tosca

DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que têm sentimento "tosco" (rude, grosseiro) os que se opõem à venda da Vale do Rio Doce e disse que a batalha jurídica em torno da privatização não vai adiar o leilão marcado para amanhã.
FHC disse que a privatização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), no governo Itamar Franco, passou por contestações semelhantes.
O presidente comentou a privatização da Vale no momento em que uma manifestação contrária à venda da estatal parou em frente ao hotel Copacabana Palace, no Rio, onde concedia entrevista. FHC havia acabado de firmar acordos com o presidente argentino, Carlos Menem.
"Essas pessoas têm um sentimento um pouco tosco e não entendem o significado do que está sendo feito, que foi um ato democrático", afirmou o presidente.
Para ele, está ocorrendo uma "batalha política" na Justiça para impedir o leilão. "Sempre foi assim. Foi assim com a CSN, até mais agressivo. Mas não se vai mudar a data do leilão." Segundo FHC, o fato de o país ter origem ibérica facilita a disseminação da idéia de que o "mundo parece vir abaixo": "Não vem abaixo".
Salário mínimo
FHC declarou ontem que ninguém pode estar contente com seu salário -nem ele próprio. Mas argumentou que o aumento do salário mínimo para R$ 120, em maio, significa ganho de 85% em relação ao valor pago no início do Plano Real, em junho de 1994.
"Quem pode estar contente com o salário? Ninguém", declarou. "Você (disse a uma jornalista) está contente com o seu salário? Eu duvido. Salário é assim: quanto mais, melhor. Agora, eu não vou nem falar do meu." O presidente recebe R$ 8.500.
Segundo FHC, são equivocados os cálculos que apontam a redução do salário mínimo em relação a seu valor na década de 40. "Em 1940 eu tinha nove anos, o salário mínimo era maior, mas não era nada maravilhoso no país."
Ele disse que, no início do Real, o salário mínimo era de R$ 65: "Como sou um homem responsável, disse que iria dobrar o valor do salário mínimo em quatro anos".
"Hoje estamos com US$ 120 em abril de 1997. Quando chegarmos a dezembro de 1998, farei o possível para cumprir o que eu havia dito."

LEIA MAIS sobre o encontro de FHC e Menem no caderno Dinheiro

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