São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Cheque doenças antes de comprar filhotes

DA REPORTAGEM LOCAL

A compra de um animal de estimação deve ser muito bem planejada. A falta de cuidados na aquisição de um cãozinho pode significar não só prejuízo financeiro, mas também emocional.
Foi o que aconteceu com o comerciante Marco Antonio Spínola, 35, que, em novembro passado, deu de presente para seu filho Thiago, 9, um poodle toy -que morreu com uma verminose depois de quinze dias.
Segundo Spínola, o cão, vendido com 50 dias de vida pelo canil RN, de Limeira (interior de SP), apresentou diarréia no dia seguinte à compra.
Ele levou o filhote ao veterinário, que diagnosticou a verminose. O tratamento incluiu medicações e internações e custou R$ 548. O preço do poodle foi de R$ 350. O canil ofereceu apenas metade do valor do cão e, depois, ofereceu outro animal.
"Achei a proposta do canil imoral. O Thiago ficou emocionalmente abalado, deprimido até o final das férias. Traumatizado, não aceitou a substituição do cão."
Spínola denunciou o caso ao Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor). A primeira audiência está marcada para 10 de junho, no Tribunal Especial de Pequenas Causas.
José Francisco Silva Oliveira, proprietário do RN Canil, disse que sua empresa ofereceu outro cão à Spínola. "Não sei por que ele não aceitou. Vendo uma média de 90 filhotes por mês e o senhor Spínola é meu único problema."
Dicas
Antes de levar o bichinho para casa, é importante visitar o canil para conhecer o ambiente e a procedência do cão. Dê preferência a criadores com referências.
O Procon recebe várias reclamações desse tipo. No ano passado, foram 52 consultas e 26 queixas, contra 86 consultas e 12 queixas em 95. Em janeiro e fevereiro deste ano, foram computadas 8 consultas e 2 reclamações.
Segundo Tulia Andréia Gennari Malena, técnica da área de saúde do Procon, as reclamações mais frequentes se referem à aquisição de cães com viroses que normalmente são fatais, como sinomose e parvovirose.
Essas doenças levam até 18 dias para se manifestar. Se o animal adoecer dentro desse prazo, seu dono deve exigir que o vendedor custeie o tratamento.
Para isso, ele deve levar o cão ao veterinário e pedir um atestado que comprove a doença. Em caso de morte, o consumidor pode pedir reembolso ou a troca por um outro cão.
"A troca do cão não é a mais aconselhável, já que, por se tratar do mesmo canil, há grandes possibilidades de o outro cão também estar doente. E, se existe alguma criança envolvida, ela pode não suportar duas perdas consecutivas", diz Tulia.
Fiscalização
O Centro de Controle de Zoonose da Prefeitura de São Paulo é o órgão que recebe denúncias e fiscaliza canis, lojas e exposições -nos quesitos higiene, alimentação, superlotação e maus-tratos.
Segundo Marcelo de Menezes Brandão, diretor da divisão de controle da raiva, o centro recebe cerca de 50 reclamações anuais contra esses estabelecimentos.
Ele recomenda que o consumidor verifique se o filhote foi tratado com vermífugo e se existe um atestado de vacinação assinado por um veterinário.
O veterinário César Augustus Guttilla afirma que recebe em seu consultório muitos filhotes que vieram doentes dos canis.
"Se não tiver contrato e for muito barato, é uma fria."

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