São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Semana começa com risco de novo blecaute

DA REPORTAGEM LOCAL

Um novo blecaute ameaça se repetir no início da noite de hoje, voltando a deixar sem energia elétrica as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país.
Na quinta e na sexta-feira passadas, o desligamento no fornecimento de eletricidade atingiu cerca de 9 milhões de pessoas em dez Estados. Nos fins de semana o consumo costuma cair cerca de 15%.
Segundo técnicos das centrais elétricas, que passaram o final de semana estudando o caso, o risco de novo blecaute é pequeno.
Segundo a Eletrobrás, o blecaute foi causado por um aumento muito rápido da demanda num curto espaço de tempo, durante o horário de pico de consumo (leia texto abaixo). O que ainda não foi explicado foi o que causou o aumento.
"É provável que ocorram novos blecautes, pois as soluções são lentas", afirmou ontem José Fernando Boucinhas, ex-secretário de Energia e Saneamento do Estado na gestão Fleury.
"Se a causa foi o aumento de carga, a possibilidade de novos desligamentos é grande", diz Lindolfo Paixão, ex-diretor da Eletrobrás e da Cesp, Companhia Energética de São Paulo.
Segundo ele, os picos de consumo costumam ocorrem no segundo semestre.
Segundo José Cesário Cecchi, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e secretário-executivo da Comissão de Matriz Energética do Estado do Rio, o risco de falta de energia persistirá até 1999. Em dois anos, novas usinas em operação reduziriam esses riscos.
"A curto prazo a única solução é o uso racional da energia", diz. Ou seja, ou as pessoas e empresas diminuem o consumo em horários de maior gasto -entre 17h30 e 20h30- ou os desligamentos e blecautes poderão virar rotina.
A redução do consumo através de tarifas menores para horários fora do pico já vem dando resultados em alguns Estados.
Segundo os técnicos, o consumo de energia aumenta em até 20% com os chuveiros e eletrodomésticos no início da noite.
Cesário Cecchi diz que o país vinha trabalhando com uma taxa de risco de 5% a 10% nos últimos anos -porcentagem de corte no atendimento da demanda.
Segundo ele, o consumo doméstico no país nos meses de janeiro e fevereiro deste ano cresceu 10% em relação ao mesmo período do ano passado. "A taxa de risco certamente vem aumentando", diz.
Mas, para Reinaldo José Rodrigues de Campos, 52, assistente da diretoria de geração e transmissão da Cesp (Companhia Enérgica de São Paulo), não há grande probabilidade de haver um novo blecaute. "A população pode ficar tranquila", disse.
Segundo ele, a Cesp estudou detalhadamente o caso e vem tomando medidas técnicas desde sábado para evitar novo desligamento.
"Basicamente, elevamos a geração de energia na região com o objetivo de recuperar os níveis de tensão condizentes com uma distribuição normal", afirmou.

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