São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Freio na economia pode beneficiar setor

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos últimos três anos, a indústria brasileira de bebidas deu um salto de 30%, em termos de volume de vendas, crescimento puxado pela redução da inflação e pelo chamado efeito-renda, como dizem os economistas, decorrente da maior estabilidade dos preços.
Agora que o governo reconhece a necessidade de "esfriar" alguns setores da economia, as indústrias de bebidas podem novamente se dar bem. Isso porque a principal preocupação da equipe econômica é o excesso de financiamento e as vendas da cadeia produtiva do setor são pagas à vista.
O analista de investimentos Marco Antonio Melo, do Bozano, Simonsen, faz inclusive um raciocínio, que leva em conta a possibilidade, atualmente em estudo em Brasília, de corte do financiamento de produtos eletroeletrônicos.
"Como a venda de bebidas é puxada pelas faixas de menor renda, é possível que estas deixem de comprar eletrônicos, o que vai significar mais dinheiro para o consumo de bebidas e de alimentos, por exemplo", analisa Melo.
Isso porque o efeito de uma possível redução dos prazos de financiamento seria aumentar o valor das parcelas mensais desses produtos, deixando-as proibitivas para muitos consumidores.
Mas, mesmo que o corte de prazos de financiamento não seja para já, a tendência do setor é de crescimento, ainda que num ritmo mais moderado que o dos últimos anos.
Melo estima que o consumo de refrigerantes deve crescer a uma taxa anual de 8%, até 1999, e o de cervejas deve crescer 6% ao ano.
Papéis
Para um eventual investidor, a situação não é assim tão clara. Isso porque o crescimento dos últimos três anos não foi repassado uniformemente para o preço das ações.
No caso de Antarctica ON, por exemplo, que diz respeito à holding da marca, o resultado na verdade foi bastante amargo: crescimento de apenas 11% com relação ao do final de 95. Já a situação da Brahma PN é bem mais interessante, com uma alta de 100% desde dezembro de 95.
Dividendos e administração
O analista do Bozano, Simonsen afirma ainda que a situação da Brahma é bem melhor em termos de distribuição de lucros, cultura administrativa e volume de negócios em Bolsa.
No caso da forma de administração, a Brahma leva a vantagem de contar com o controle acionário do Banco Garantia, tido como dos mais ágeis e agressivos do país.
A administração agressiva significa também apostar no aumento da capacidade instalada, que ocorrerá com o início das operações da planta que está sendo construída no Rio de Janeiro, previsto para o primeiro semestre de 98.
Assim a recomendação do Bozano, Simonsen continua sendo "comprar", para Brahma. Já para Antarctica, a recomendação é "manter", para quem já possui o papel em carteira.

E-mail: mercado@uol.com.br

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