São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Jon Bon Jovi responde aos leitores

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DE NOVA YORK

Entre uma e outra entrevista sobre sua atuação no filme "The Leading Man", Jon Bon Jovi desceu do seu escritório, no sexto andar de um edifício da rua 57, em Manhattan (NY), perto da Broadway, e entrou numa cafeteria para comer uma bomba de chocolate.
A entrevista com a Folha, marcada para esse mesmo dia, última quinta-feira à tarde, havia sido desmarcada, segundo a gravadora PolyGram. Mas a reportagem da Folha, que trazia dois exemplares do Folhateen e as cartas dos fãs com perguntas ao cantor, abordou Bon Jovi, e ele concordou em responder à maioria das questões.
Achou divertida a polêmica entre leitores do jornal, que inundaram o Folhateen de cartas, algumas de amor, outras de ódio.
"Eu não admito que falem mal deles, porque gosto não se discute", dizia o primeiro trecho da correspondência da leitora. "Bem, não sei se gosto não se discute, mas é bom saber que tenho defensores tão ardorosos no Brasil", comentou Bon Jovi.
Apressado para subir e se encontrar com um empresário e um jornalista austríacos, que o aguardavam em seu escritório, o cantor acabou respondendo a 16 das 20 perguntas selecionadas pelo Folhateen.
*
Mércia Marcionília Souza Brandão (São Paulo, SP) - O que você acha de toda a celeuma em torno do seu nome no Folhateen?
Jon Bon Jovi - Não dá para eu ler carta por carta, talvez tenha alguma mais agressiva contra mim ou o conjunto, mas tenho a mente aberta para as críticas, embora ainda prefira os elogios.
Joyce Alves de Souza (Santos, SP) - Você concorda com a tese de que quando um integrante de alguma banda começa a ser idolatrado pelas mulheres, os homens deixam de gostar do grupo? Como você explicaria o maior número de fãs entre as mulheres do que entre os homens?
Bon Jovi - Natural, porque tenho muitos fãs adolescentes. Na adolescência, os rapazes costumam ter vergonha de dizer que gostam de um grupo de que as mulheres também gostam. Mas aí eles vão para a garagem de suas casas e nos escutam escondidos.
Laura Shizue Igawa (Taubaté, SP) - É verdade que o novo disco só vai sair no ano 2000?
Bon Jovi - Depende de como as coisas vão caminhar, ainda não sei responder.
Luana Ribeiro dos Reis (Mogi-Guaçu, SP) - Muitas garotas, assim como eu, irão dar a seus filhos o seu nome ou o da sua filha como forma de homenageá-lo e demonstrar todo amor por você. O que você acha disso?
Bon Jovi - Legal que vocês me curtam e gostem do meu trabalho, mas não precisam dar meu nome a seus filhos. Um brasileiro ficaria bem com o meu nome? É isso o que você deveria se perguntar.
Andressa Oliveira (Uberlândia, MG) - Como você definiria o som da banda no início, em 84/85, e como você o define hoje?
Bon Jovi - Com uma palavra: evolução. Em 85, o máximo que eu podia fazer era "Fahrenheit", uma merda. Hoje não. Eu melhorei. Não deixei só o tempo passar. Aprendi com ele.
Cláudia Torres (São Paulo, SP) - Enquanto o Bon Jovi está de férias, você e os outros integrantes do grupo continuam mantendo contato?
Bon Jovi - Continuamos. Cada um tem outros interesses na vida, fora a música, e é preciso tirar um tempinho para cuidar deles. É o que eu faço, e eles também. No meu caso, estou fazendo cinema.
Juliana Alberton (São Paulo, SP) - Muitas bandas estão mudando seus estilos musicais, como o U2 e o Metallica, por exemplo. No próximo álbum, vocês pretendem manter o mesmo estilo que têm adotado até hoje ou podemos esperar alguma surpresa?
Bon Jovi - Podem esperar alguma surpresa, porque música, como a vida, é evolução. E música, como a vida, é um movimento cíclico. Mesmo que retomemos velhos trabalhos, temos de fazê-los com arte, pensando em melhorar.
Ana Carolina Ferreira Barone (São Paulo, SP) - Gostaria de saber se você ajuda entidades ambientais ou de prevenção a câncer e Aids.
Bon Jovi - Ajudo organizações que lutam pela preservação do meio ambiente, a Cruz Vermelha, associações de portadores de deficiências físicas... E você esquece que ajudo com minhas músicas. Costumo dizer que uma música pode mudar a vida de muita gente. É uma coisa mágica, dos deuses.
Lucidalva de Azevedo Ribeiro (São Paulo, SP) - O que você fazia antes de cantar?
Bon Jovi - Minha iniciação musical começou aos sete anos. Antes da minha iniciação sexual, que aconteceu uns seis ou sete anos mais tarde. Então minha vida sempre esteve ligada à música. Mesmo no colégio, eu já tinha formado uma banda e fui trabalhar lavando o chão de uma gravadora de discos. Eu sempre soube o que queria ser quando crescesse.
Janaína Moreira Cunha e Nascimento (Fortaleza, CE) - Você está fazendo muito sucesso no cinema. Além de "Jogo da Verdade" e "The Leading Man", você foi convidado para fazer outros filmes?
Bon Jovi - Fui sim. Recebi vários convites para participar de filmes estilo comédia romântica, mas recusei. Gosto de fazer as coisas com carinho. Quando fui fazer cinema, não fui fazer por fazer. Estudei, tentei me preparar. Foi algo pensado e de que tenho gostado.
Raquel Simone da Silva (São Paulo, SP) - Quando o Bon Jovi vai fazer shows no Brasil de novo?
Bon Jovi - Não sei, as turnês dependem de muitos acertos comerciais.
Andréa Souza do Nascimento (Guarujá, SP) - Qual o recado que você daria para aqueles que o invejam, criticam, e resumindo, não o toleram?
Bon Jovi - Somos uma banda que põe fácil, fácil, 100 mil pessoas num estádio. Para mim não é um problema cantar na frente de 100 mil pessoas. Quando alguém fizer o mesmo, juro que não vou perder meu tempo criticando-o.
Jefferson Luís Ferreira (Piracicaba, SP) - O que você pensa das pessoas que dizem que você faz sucesso não pela música, mas por ser bonito e agradar as menininhas?
Bon Jovi - Perguntaria o seguinte: será que nós vendemos quase 80 milhões de discos só por causa do rosto? Discos, não revistas. Se fossem revistas, quem diz uma coisa assim poderia ter razão. Mas são discos, CDs, certo?
Tatiane Rocha (São Paulo, SP) - Eu li em uma reportagem que, depois de 14 anos de estrada e 75 milhões de discos vendidos por todo o mundo, vocês resolveram tirar longas férias. Daí, ela levantava a questão de que talvez seria para sempre. É verdade?
Bon Jovi - Uma turnê mata qualquer um. Você passa dois terços do ano viajando, viajando, viajando para divulgar um novo álbum. Chega uma hora em que você precisa de uma pausa, um tempo. Se não der uma parada, você vira um zumbi, um robô, uma máquina. E a música não pode ser feita assim, tem de ser feita com prazer, com vontade. Demos uma brecada para voltarmos com mais tesão.
Ah! E se a reportagem falou em 75 milhões de discos, acho que estava errada ou já está desatualizada. Parece que são 77 milhões. Pelo menos é o que meus empresários dizem.
Ramlide Buoso (Jaú, SP) - Você é homossexual? Se disser que não, então por que fica rebolando nos shows?
Bon Jovi - Deus! Homem não rebola?
Ana Carolina Barone (São Paulo, SP) - Se você não gosta de ser considerado um símbolo sexual, porque fez campanha do Versace? Não que um modelo seja necessariamente um símbolo sexual, mas a campanha reforça essa imagem...
Bon Jovi - Quando você chega a uma certa fase da vida, muita coisa pode servir como experiência. A campanha, para mim, foi uma experiência a mais. Pronto.

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