São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Japão vê como se faz uma Brasília

CELSO FIORAVANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

O Japão também quer ter sua Brasília e por isso indicou um dos mais importantes arquitetos do país e do mundo -Fumihiko Maki- para que chefiasse uma comissão de estudos sobre centros urbanos planejados para funções administrativas.
Segundo Maki, a idéia não é usar soluções desenvolvidas para o Brasil.
"Brasília possui muitas características marcantes, mas isso não delimitará o que devemos ou não fazer no Japão. Minha proposta é entrevistar Lúcio Costa e, por isso, vim conhecer Brasília. Inevitavelmente, a discussão será em torno de como ele projetou a cidade", disse o arquiteto à Folha, por telefone, de Brasília.
Antes de ir para o Rio encontrar Lúcio Costa, Maki passa por São Paulo, onde faz palestra, hoje, às 15h, no auditório do Masp, sobre seus trabalhos mais recentes.
Em São Paulo, Maki deve falar, por exemplo, sobre seu edifício Spiral (1985), em Tóquio, complexo cultural que reúne salas de música, artes visuais, teatros, bares e restaurantes. "Também me interesso por edifícios comerciais, como o da IBM que vi em Brasília".
O Spiral, de 1985, reúne influências da arquitetura romana da cidade de Paestum (sul da Itália) e da escola alemã Bauhaus.
Quatro anos depois, Maki projetou o edifício Tepia, com influências da escola artística holandesa De Stijl. No ano seguinte, recuperou as formas das armaduras dos samurais japoneses na cobertura do ginásio metropolitano de Tóquio.
Se tivesse nascido ontem, seria um pós-moderno. Mas Maki pertence ao grupo dos Quatro Grandes, arquitetos nascidos entre 1925 e 1935 (ele é de 1928) que desenvolveram suas atividades após a Segunda Guerra. O grupo é composto ainda por Kasuo Shinohara, Arata Isozaki e Kisho Kurokawa.
Por seus projetos, Maki ganhou os mais importantes prêmios de arquitetura do mundo, como a medalha de ouro da UIA (União Internacional de Arquitetos) e o prêmio Pritzker, o Oscar da arquitetura.
Seus trabalhos também foram motivo de mostras em importantes centros de cultura do mundo, como o Walker Art Center, em Minneapolis (EUA); o Centro de Artes de Antuérpia (Bélgica); e a Bienal de Veneza.
Em vários dos projetos de Maki, funcionam como uma estilização de um caos urbano. A fachada fica com os elementos advindos da abertura japonesa às influências externas e o interior é usado para dar ordem ao caos.
"O interior é muito importante porque o espaço é o aspecto mais importante, mas me interesso muito pela forma. Vi vários edifícios de Niemeyer, que são muito esculturais, mas que são muito bem resolvidos internamente. Eles são um bom exemplo de como o arquiteto deve conciliar os dois aspectos", disse.

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