São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997 |
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"Diabólica" de Nelson Rodrigues vai às telas
CRISTINA GRILLO
Para o seu primeiro filme de ficção, Torres trouxe um elenco estelar. A noiva traída, Dagmar, é interpretada por sua irmã, Fernanda Torres. O noivo assassino, Geraldo, é Daniel Dantas. A menina, Alice, é Ludmila Dayer, a revelação de "Carlota Joaquina", filme de Carla Camuratti. Ainda há mais: Fernanda Montenegro trabalha pela primeira vez sob a direção do filho, no papel de D. Irene, mãe de Dagmar e Alice. Francisco Cuoco, que faz sua segunda participação em cinema, é o delegado Santos. Jorge Dória interpreta o coronel Reinaldo, pai das duas moças. "Diabólica" é um dos três episódios de "Traição", o primeiro longa-metragem produzido pela Conspiração Filmes. Os outros dois episódios, também baseados em contos de Nelson Rodrigues, são "O Primeiro Pecado", dirigido por Arthur Fontes, e "Cachorro", de José Henrique Fonseca. Apesar de ser um média-metragem -terá cerca de 40 minutos de duração-, o filme foi estruturado como um longa-metragem. "Os personagens são complexos, têm nuanças. A Dagmar, por exemplo, é uma espécie de rainha má, mas que acaba sendo uma espécie de heroína porque percebe como a irmã manipula a família", diz Fernanda Torres. "É um filme sem heróis, onde todos são vítimas e culpados", explica o diretor. Claudio Torres optou por uma visão "gótico-barroca" do universo rodrigueano. Grande parte das sequências foi filmada à noite. A fotografia de Breno Silveira e a direção de arte de Gualter Pupo ajudam a criar o clima sombrio. "Queria criar um clima soturno para resgatar um lado fantástico de Nelson Rodrigues, mais sensual do que sexual", explica. Por isso, diz o diretor, não há nudez nem cenas de sexo. Tropel Torres afirma que, em sua primeira experiência na ficção, trabalhou com "um tropel de atores". "Foi o filme do ego louco. Nunca vi tantos atores brigando pelo primeiro plano", diz Fernanda Torres, rindo. Para o diretor, a experiência de dirigir a mãe e a irmã foi emocionante. "Foi muito engraçado dizer 'corta, mamãe, foi ótimo'. Foi interessante trazer minha família para o convívio profissional. Um sabe o que o outro está pensando e isso funciona muito bem", afirma Torres. Agora, o diretor pensa em trabalhar com o pai, Fernando Torres. Em "Diabólica", na avaliação de Torres, não havia um papel adequado para ele. "Não quis queimar meu pai em um papel secundário. Além do mais, ele é muito apegado àquela barba. Vou guardá-lo para outro trabalho", diz. As filmagens de "Diabólica" terminaram na sexta-feira. Agora, Claudio e Fernanda Torres iniciam um novo trabalho: convencer Roberto Carlos a ceder os direitos da música "Traumas" para ser o tema do filme. O compositor será consultado nos próximos dias pela dupla."Ouço essa música o dia inteiro e não consigo imaginar outra. Ela é perfeita para o clima do filme", diz Torres. Os outros dois episódios de "Traição" já estão em fase de finalização. O filme deverá ser lançado no final de agosto. Texto Anterior: Paxton defende saga de ciganos irlandeses Próximo Texto: Ludmila incorpora cunhada sedutora Índice |
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