São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Rádios livres; Injustiça; Reforma violentada; Criminoso animal; General Motors no RS; Sem-terra; Fura-fila; Venda da Vale; Homossexuais

Rádios livres
"A propósito de carta do senhor Valionel Tomaz Pigatti ('Painel do Leitor', 21/4): tenho o maior respeito pelo trabalho das rádios livres.
O que está havendo, portanto, é um mal-entendido. Na carta assinada por mim, não afirmo que rádio livre é coisa de gente inescrupulosa.
A Folha havia publicado reportagem sobre picaretagem com rádios de baixa potência no interior de São Paulo e a repórter cometeu o erro de tomar como sinônimos 'rádios de baixa potência', 'rádios livres' e 'comunitárias'.
Minha intenção era alertar a repórter sobre as diferenças entre rádio comunitária e rádio livre. E que as comunitárias são feitas por gente decente.
Não disse que as livres seriam feitas por gente inescrupulosa, mas por defender apenas as comunitárias criou-se esse mal-entendido."
Fernando Ferro, deputado federal pelo PT-PE (Brasília, DF)

Injustiça
"Acho que algumas colocações e críticas têm sido injustas com o presidente Fernando Henrique em relação à marcha dos sem-terra, mesmo porque foi sua tomada de posição para com o movimento que fê-lo crescer na mídia e tornar-se um ato vitorioso e pacífico.
Como seria o desfecho se a marcha se tornasse uma surpresa e não tivesse o apoio governamental na chegada a Brasília? Será que a calmaria do movimento não seria deturpada por agitadores contrários ao governo?
E, como não houve resistência do governo ao movimento, a força do movimento teve resultados positivos."
Benedito Ap. Lemes (Mogi Mirim, SP)

Reforma violentada
"De concessão em concessão, a reforma administrativa tão sonhada por nosso presidente vai violentando o povo brasileiro, na mesma proporção que os favelados de Diadema, da Cidade de Deus, dos cinco pobres coitados de Brasília (algozes de Galdino Jesus dos Santos), da pizzaria dos precatórios..."
João Alfredo de Paiva (Curitiba, PR)

Criminoso animal
"Concordo com quase tudo o que escreveu Clóvis Rossi em seu artigo 'Autoflagelação indevida', de 23/4. Somente não aceito que se rotulem assassinos e outros tipos de criminosos de animais, ou que se diga que se comportam como tais, quanto mais perversos ou hediondos sejam seus atos.
Nenhum animal dito selvagem ou irracional incendeia ou mata quem quer que seja, simplesmente 'para se divertir' ou para 'dar um susto', ou ainda, o que não sei se é mais chocante, porque 'pensava tratar-se de um mendigo', como se esse não fosse um ser humano, talvez com mais dignidade que muitos 'bem posicionados' na sociedade."
Airto Aravechia (Ribeirão Preto, SP)

General Motors no RS
"Parabenizo Elio Gaspari pelo artigo 'O assentamento da General Motors' (Folha, 23/4), uma brilhante peça de jornalismo investigativo, elucidativo e crítico, coisa rara hoje na imprensa brasileira, tão cooptada e subserviente aos centros de poder econômico e político. Matérias como essa ajudam a desvendar um pouco os porões do poder."
Luiz Carlos Correa Soares (Curitiba, PR)

Sem-terra
"No último dia 18/4, a propósito de comentar a marcha do MST a Brasília, o líder dos ruralistas, Nelson Marquezelli (PTB-SP), mostrou à sociedade brasileira, por meio da Folha, o que são esses sujeitinhos. Em sua opinião, os manifestantes deveriam ter sido esperados com 'carros de jatos d'água e cachorros'.
O que mais me surpreende não é a atitude do sr. Marquezelli, mas o silêncio cúmplice da Folha e de milhares de leitores deste jornal."
Luiz Antonio N. de Souza (Viçosa, MG)
*
"Essa sociedade que está indignada pela estúpida morte do índio é a mesma que, no dia 17 deste mês, estendeu tapete vermelho para receber o sr. José Rainha, procurado pela Justiça de São Paulo e do Espírito Santo, onde é acusado pela morte de dois trabalhadores.
Tamanha é a força do lobby que esse foragido da Justiça se fez recepcionar por um amedrontado presidente da República, pelos chefes do Legislativo e, pasmem, pelo órgão que o caçava: o Judiciário. Isso é um escárnio para com os familiares das vítimas. Que voz se levantou contra tal disparate? Cadê a CNBB? Cadê a OAB? Cadê as ONGs?"
Lilas Bastia Campanha (Belo Horizonte, MG)

Fura-fila
"A Câmara aprova o Fura-fila. Pensei que isso fosse ficar apenas como promessa de campanha. Agora vejo como mais uma ameaça à cidade. O minhocão 'assassinou' toda a região central da cidade. Hoje, com hipocrisia, falam em recuperar o centro. As entidades e cidadãos preocupados com São Paulo não podem deixar que o Fura-fila multiplique os efeitos maléficos do minhocão. A votação na Câmara não foi democrática, porque os 'vereadores-donatários' de administrações regionais votam o que o prefeito quiser, por mais nefasto que possa ser."
Sérgio Gersósimo (São Paulo, SP)

Venda da Vale
"Já que estão vendendo todo o patrimônio público de valor no Brasil, por que não pensam em vender também os edifícios do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional, bem como os carrões oficiais e jatinhos destinados a ministros e apaniguados da corte? O povo mesmo não verá a cor dos bilhões amealhados com a dilapidação das nossas riquezas. Basta ver o ridículo aumento do salário mínimo."
André Luís Fontes (Lavras, MG)
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"Dizem os inimigos da privatização que a Vale, como propriedade do povo brasileiro, não pode ser doada a terceiros. Seria coisa de soberania nacional. Não enxergam, não querem enxergar, que já foi doada há muito tempo para seus empregados-marajás.
Os empregados da Vale formam uma casta privilegiada, usurpam o patrimônio nacional como se fosse deles, dão uma banana para o povo brasileiro, e chamam a isso defesa da soberania."
Flamarion Franco Melgaço (Belo Horizonte, MG)

Homossexuais
"Recebemos muitos homossexuais que passaram por ministérios evangélicos de 'recuperação' e que relatam histórias horripilantes das práticas utilizadas para 'curar' a homossexualidade, o que não conseguem, já que a homossexualidade não é uma doença, conforme a Organização Mundial da Saúde. Para nós, é uma lógica invertida querer erradicar a natureza do homossexual. Lógico seria educar a sociedade para que saiba que a sexualidade se manifesta de múltiplas formas e para que deixe de discriminar os que têm uma orientação sexual diferente da convencional."
Toni Reis, presidente do Grupo Dignidade (Curitiba, PR)

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