São Paulo, segunda-feira, 28 de abril de 1997
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Cuzco sincretiza culturas inca e espanhola a 3.400 m de altitude

CLAUDIO GARON
DO ENVIADO ESPECIAL AO PERU

"Roma das Américas", Cuzco sintetiza o choque entre o homem andino e o conquistador espanhol.
Desde a chegada do colonizador, em 1533, a cidade sincretiza as culturas andina e espanhola: uma foi feita sobre os alicerces da outra.
Capital do Império Inca, a cidade foi desenhada, segundo a tradição, por Manco Capác.
Muito antes de Brasília, o plano urbano da cidade já atendia a uma representação natural imaginada pelo homem. Se a capital brasileira se parece com um pássaro, a quêchua imitava um puma.
Dentro da cosmogonia andina, Cuzco representa o local sagrado no qual, segundo uma lenda, afundou o bastão de ouro dado pelo deus Sol para Manco Capác, tornando-se capital e ponto de partida da civilização quêchua.
Restos arqueológicos encontrados na região indicam que os quêchuas já ocupavam o vale de Cuzco por volta do século 12 d.C.
Apesar das inúmeras interpretações, os historiadores concordam que a expansão dos quêchuas a partir de Cuzco se acelerou apenas no século 15.
Em menos de cem anos, o inca (rei em quêchua) controlava a partir de Cuzco um império que ia do sul da atual Colômbia até o norte do que é hoje o Chile.
O coração do puma, e até hoje área nobre da cidade, é a praça de Armas, antes sede de palácios e da Inti Rayme, ou festa maior do Sol, que celebrava a unidade do Império Inca, o Tahuantinsuyo.
Na praça ficam as principais construções espanholas, a catedral e a igreja da Companhia de Jesus.
Edifício renascentista construído com as pedras da fortaleza quêchua de Sacsayhuaman, a catedral abriga obras barrocas e algumas das principais representações oriundas da escola cuzquenha de pintura, que mistura elementos andinos e cristãos.
Santa Ceia
Destacam-se na catedral a igreja do Triunfo, a primeira de Cuzco, construída sobre o palácio inca de Wiracocha, o coro em cedro e o altar-mor forrado de prata.
Entre a entrada da cidade e a praça de Armas, ao longo da avenida Sol, observa-se um muro curvilíneo, vestígio do principal conjunto de templos quêchua da cidade.
Onde hoje está o convento de Santo Domingo, antes ficava o Coricancha (bairro de ouro em quêchua), templo dedicado ao Sol localizado no que seriam os órgãos genitais do puma.
A cabeça do puma é a antiga fortaleza quêchua de Sacsayhuaman, 3 km ao norte de Cuzco.
São três muralhas de 360 metros de comprimento feitas de pedras que chegam a 9 metros de altura e 360 toneladas de peso.
Esse é um bom lugar para observar o corte das pedras, que eram encaixadas à perfeição sem a ajuda de argamassa.
Em Cuzco, a 3.400 metros de altitude, cuidado com o mal das alturas, o "soroche". Não faça muito esforço nos primeiros dias e não exagere nas bebidas alcoólicas. (CLAUDIO GARON)

Ingresso - A entrada para as 16 principais atrações turísticas da cidade custa US$ 10 e pode ser comprada nos próprios locais

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