São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Pará investe em criações alternativas

ESTANISLAU MARIA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM

As criações alternativas estão ganhando espaço no Pará, tradicional reduto da pecuária extensiva.
Os investimentos vão de escargot e leite de cabra a carne de ovelha e minhocas.
A granjeira Nelma Uramoto ganhou 30 matrizes de escargots e criou "para ver no que daria".
O pecuarista Eduardo Kataoka comprou, no Nordeste, seis cabras, "apenas para o consumo de leite da família".
As novidades foram levadas por Nelma e Kataoka em setembro passado para o Estado do Pará.
Hoje, Nelma é presidente da Cooperativa dos Produtores de Escargots, em Santa Izabel (40 km a leste de Belém) e mantém um heliário com 150 mil escargots.
Kataoka, único produtor de cabras do Pará, já prevê, com o nascimento de filhotes até julho, a duplicação do rebanho de 120 cabras.
Segundo esses pioneiros, as novas criações que invadiram o Pará já superaram a pior fase -a implantação- e devem crescer.
Kataoka atualmente vende 60 litros diários de leite de cabra, a R$ 2 o litro em Belém.
O preço da cooperativa é de R$ 4 por quilo do escargot vivo. A carne é vendida a R$ 35/quilo.
Segundo Nelma, o lucro do produtor chega a 200%.
Ela vende 100 kg semanais à cooperativa e afirma que até hoje investiu menos de R$ 2.000 em toda sua criação.
O escargot do Pará é da espécie "Achatina fulica", conhecido como escargot chinês, mas originário da África.
Minhocas
A Escola Agrotécnica Federal de Castanhal começa a vender matrizes de minhocas este mês.
O minhocário da escola de Castanhal (63 km a leste de Belém) foi implantado no ano passado.
"Começamos comprando 5 litros de minhocas e hoje já temos 50 litros", afirma o professor Antônio Élcio Cunha Cavalcante, um dos responsáveis pela implantação.
Cada litro contém cerca de 1.400 minhocas. Segundo ele, a criação de minhocas é um bom negócio.
O quilo do húmus é vendido a R$ 15, e o litro de matrizes, a R$ 25.
Ovelhas
"A criação de ovelhas é a alternativa ideal para pequenas propriedades, porque cada hectare de pasto comporta até dez animais."
A afirmação é do fazendeiro e dono de frigorífico Dalberto Uliana, que importou do Nordeste, há um ano, cem matrizes de ovelhas.
Uliana cria, abate e vende gado bovino. Agora, começa a aumentar sua produção com a carne de suas ovelhas, que hoje já somam um rebanho de 2.000 cabeças.
As ovelhas do Pará são criadas extensivamente, para corte.
Outra vantagem é o rendimento de carne de ovelha por hectare de pasto, cerca de 50% superior ao gado bovino paraense, que rende em média 200 kg/ha.
A desvantagem fica no preço para o consumidor.
Enquanto a carne de boi chega ao frigorífico a R$ 0,83/kg, a ovelha chega por R$ 1,20/kg.

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