São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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CSN luta para manter independência

SILVANA QUAGLIO
ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O provável adiamento do leilão da Vale previsto para a manhã de hoje, pode não ser um mau negócio para o consórcio Brasil, capitaneado pela CSN (Companhia Siderúrgica Nacional). O grupo ganhará tempo para tentar conquistar novos participantes.
O presidente da CSN, Benjamin Steinbruch, disse que o adiamento do leilão causa desgaste "físico e mental", mas não altera em nada a disposição da CSN de participar.
E nem poderia. Mais do que por um bom negócio, Steinbruch trabalha para vencer o grupo Votorantim, de Antonio Ermírio de Moraes, no leilão da Vale, para manter a continuidade administrativa da CSN, privatizada em 93.
Isso porque o grupo Vicunha, de Steinbruch, é o maior acionista da CSN com 13,5% das ações.
Outros 13 acionistas dividem o restante do bolo que garante o controle do conselho administrativo.
Entre esses acionistas está a Docenave, empresa de navegação da Vale. Portanto, se Antonio Ermírio comprar o controle acionário da Vale, poderá indicar um homem seu para o conselho administrativo da CSN.
Alcoa desiste
O trabalho é duro. Ao mesmo tempo em que afirma que a CSN ainda conversa com a mineradora transnacional Gencor e com a Suzano, fabricante de papel e celulose, Steinbruch confirmou, ontem, que a Alcoa, a maior produtora de alumínio do Brasil, desistiu de participar do consórcio Brasil.
A Alcoa preferiu apostar na venda da Aluvale -produtora de alumínio da Vale- depois que o novo controlador assumir a Vale.
O presidente do grupo Alcoa do Brasil, Fausto Moreira, disse à Folha, que duvida que o novo controlador da Vale consiga manter a produção de alumínio no grupo.
"É uma atividade muito especializada. É coisa para ser feita por um operador do ramo", disse.
Segundo Moreira, a produção de alumínio é um dos poucos setores da Vale que só dá prejuízo. A Aluvale é composta por quatro empresas: Albrás, Alunorte, Valesul e MRN.
Só a Alunorte teria dado prejuízo, no ano passado, de R$ 130 milhões. O alumínio responde por 10,15% das vendas da Vale.
A Alcoa do Brasil é a segunda maior empresa da multinacional Alcoa (Aluminum Company of America), que tem sede nos Estados Unidos.
A empresa brasileira produziu, em 96, cerca de 300 mil toneladas de alumínio (25% da produção nacional), e faturou R$ 1,2 bilhão.

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