São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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CPI revela canais de lavagem do dinheiro

DANIEL BRAMATTI
OSWALDO BUARIM JR.

DANIEL BRAMATTI; OSWALDO BUARIM JR.
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Relator da comissão afirma que bancos Vetor e Dimensão controlavam esquema de repatriação

A CPI dos Precatórios considera ter descoberto o roteiro de repatriação do dinheiro ganho por bancos e corretoras com a emissão e negociação de títulos de Estados e municípios.
O esquema do Dimensão ficou claro, para Requião, com o depoimento do sócio do banco Paulo Messer à Polícia Federal, no Rio de Janeiro, no dia 24 de abril.
Messer disse que o doleiro Benicio Alonso Godoy, que recebeu cerca de R$ 25 milhões da conta da IBF Factoring no Dimensão, era procurador do Worldtrust Bank, das Ilhas Cook, junto aos fundos do Dimensão para investidores estrangeiros no Brasil.
Os cheques assinados por Ibraim Borges Filho, da IBF, eram nominais a Benicio Alonso Godoy e sua irmã Carmen Alonso Javiel. Em depoimento à CPI, Borges Filho declarou que assinava os cheques por ordem da distribuidora de valores mobiliários Split.
Godoy, que opera em Ciudad del Este, no Paraguai, recebeu ainda R$ 113 milhões em cheques de contas do Beron (Banco do Estado de Rondônia) em São Paulo.
No Vetor, o esquema de lavagem e repatriação de lucros e comissões ganhos com títulos passaria pela empresa Kingsman. Documentos apreendidos no cofre de Fábio Nahoum, sócio do Vetor, indicam que a Kingsman era controlada pelo próprio banco.
O dinheiro ganho pelo Vetor seria mandado para a Kingsman, nas Bahamas. A empresa administrava o Brazil Appreciation Fund, que mandava o dinheiro de volta ao Brasil, para o próprio Vetor. Dessa forma, fechava-se a cadeia de lavagem de dinheiro.
Além da Kingsman, outra empresa, a Topco, estaria envolvida. Chamada no organograma do Vetor -um dos documentos encontrados no cofre de Nahoum- de "chave do cofre", a Topco seria controlada por Mauro e Fabiano. A CPI suspeita que sejam o irmão e o filho de Fábio Nahoum.
O fundo da Kingsman, que movimentava entre R$ 1 milhão e R$ 2 milhões mensais até julho de 1996, saltou para R$ 14 milhões em agosto, logo após a operação de lançamento de títulos de Pernambuco, coordenada pelo Vetor.
A liberação deste dinheiro pelo Banco Central, logo após a liquidação extrajudicial do Vetor, poderá caracterizar crime de colarinho branco, segundo parecer jurídico encomendado pela CPI.

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