São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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CPI desiste de investigar debêntures

MARCIO AITH
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar dos indícios de irregularidades já encontrados, a CPI dos Precatórios desistiu de levar adiante as investigações envolvendo a compra e venda de debêntures (títulos emitidos por empresas para arrecadar dinheiro) e de moedas de privatização (títulos do governo que podem ser usados na venda de empresas estatais).
A decisão resulta de reuniões nas quais os senadores da CPI decidiram limitar a investigação aos R$ 3,4 bilhões em títulos públicos emitidos por Estados e municípios para pagar precatórios.
Os senadores concluíram que, ao criar a CPI, o Senado não autorizou investigações com debêntures e moedas de privatização, segundo apurou a Folha. O relator da CPI, senador Roberto Requião (PMDB-PR), queria que as investigações fossem ampliadas.
Com essa decisão, ficam praticamente inviabilizados os estudos de operações de companhias estatais de energia e de saneamento -que emitiram debêntures- e o rastreamento de TDAs (Títulos da Dívida Agrária) e outras moedas vendidas ao mercado por corretoras suspeitas de participar do esquema dos títulos públicos.
As investigações sobre debêntures e TDAs foram cogitadas após a apreensão do livro-caixa da IBF Factoring, de Ibraim Borges Filho. Ele afirmou à CPI ser um "laranja" da corretora Split, empresa central no escândalo. A IBF, por ordens da Split, teria movimentado R$ 123 milhões em sua conta no Banco Dimensão. A maior parte desse dinheiro foi remetido para doleiros no Paraguai.
Além das operações com títulos estaduais e municipais, a IBF também contabilizou operações com TDAs (lucro de R$ 3,8 milhões) e debêntures da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), da Cesp (Companhia Energética de São Paulo) e da Cemat (Centrais Elétricas do Estado de Mato Grosso), entre outras.
As investigações com outros títulos haviam também sido cogitadas por senadores em virtude da participação do empresário Fausto Solano Pereira, da corretora Boa Safra, na emissão de debêntures no Paraná e em Santa Catarina.
Ele coordenou a emissão de títulos da Banestado Leasing, do Paraná, e da Invesc, de Santa Catarina.
Ele foi envolvido nas investigações por ter recebido um cheque de R$ 9,7 milhões da IBF.
No caso da emissão no Paraná, rastreamento do Banco Central comprovou que a mesma cadeia de corretoras do esquema de títulos públicos também comprou e vendeu os títulos vendidos pela Banestado Leasing. Nessa operação, a IBF lucrou R$ 450 mil.

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