São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Ex-comandante diz que tomou providências

Coronel dá depoimento à Justiça

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

O coronel Luís Antonio Rodrigues, ex-comandante da Polícia Militar na região do ABCD, disse ontem, em depoimento à Justiça, que informou seus superiores sobre a existência da fita de vídeo contendo cenas de violência na favela Naval, em Diadema.
Rodrigues afirmou ter tomado conhecimento da fita em 25 de março. Ele teria sido informado pelo coronel Edson Pimenta Bueno, do 8º Batalhão da PM em São Paulo. Rodrigues disse que não sabe como Bueno obteve a fita.
"Passei a tarde toda assistindo à fita. No final da tarde, telefonei ao Comando de Policiamento Metropolitano e relatei seu conteúdo."
Rodrigues disse que conversou com o tenente-coronel Tosta e com o coronel Lelces, que eram naquele momento os responsáveis pelo comando.
No mesmo dia, Rodrigues determinou a prisão administrativa dos dez PMs acusados.
Ele disse que entregou a fita ao comando do 24º Batalhão da PM, em Diadema, que depois a repassou à Corregedoria da PM.
"Tomei todas as medidas necessárias, pois o caso era grave. Acho que o comando da PM não levou esse fato em consideração ao me transferir do ABC", declarou.
O coronel disse ainda que as barreiras feitas pela PM na favela Naval não eram clandestinas. "A operação na favela Naval fez parte de uma série de ações similares que estão sendo postas em prática em pontos de tráfico na região do ABC", disse.
Segundo Rodrigues, os PMs têm autorização para portar armas particulares em operações oficiais, desde que comuniquem o fato ao comando do batalhão.
"Se as armas particulares forem registradas, podem ser usadas. Mas se recomenda que elas fiquem dentro dos carros de polícia."
Rodrigues afirmou que não será mais transferido para o comando da PM em Jundiaí. Ele disse ter ficado magoado com manifestações contrárias do prefeito.
"Não sei para onde vou agora. Estou há mais de 30 dias parado e gostaria de ter uma definição."
O depoimento de Rodrigues, no Fórum de Diadema, foi acompanhado pelos dez PMs acusados, que permaneceram algemados. Parentes dos policiais também acompanharam o depoimento.

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