São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Tráfico usa jovens como "aviões" de drogas

DA FOLHA VALE

Crianças e adolescentes com idades entre 11 e 15 anos trabalham como "aviões" -entregadores de drogas- do tráfico em ruas e praças de São José dos Campos.
Um dos pontos de atuação dos "aviões" é a praça Padre João, no centro da cidade.
S.A.D.S., 13, disse que fuma maconha desde os cinco anos e que uma das únicas formas de manter o vício é vender drogas.
Segundo ela, os traficantes chegam nas praças com a mercadoria e repassam as drogas aos "aviões".
Quando eles não aparecem, os "aviões" recebem a encomenda e vão aos pontos de venda, situados na maioria das vezes em favelas.
S.A.D.S. disse que a prostituição também é uma alternativa para obter as drogas. Ela já fez programas por até R$ 5.
D.M.R., 15, também revende as drogas para os traficantes e afirma fazer isso em troca de algumas pedras do produto. "A gente faz qualquer coisa para conseguir o 'bagulho'."
Segundo ela, o crack está ganhando a preferência entre os usuários. Ela afirma que depois de dois meses usando a droga "é impossível parar".
Segundo as adolescentes, entre os consumidores de crack estão estudantes de escolas públicas, a partir de 14 anos.
A cocaína é mais procurada por pessoas com maior poder aquisitivo.
A dona-de-casa Cristina Rizzo disse que a falta de tempo para se dedicar ao filho o "atirou no mundo das drogas".
Thiago Rizzo, 14, filho de Cristina, morreu na semana passada, com três tiros.
Segundo Cristina, Thiago vinha sendo ameaçado em razão de uma dívida com traficantes.

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