São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997 |
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'Garotos também são vítimas'
RENATA GIRALDI
A educadora é mãe da menor C.M., 16, namorada de Max Rogério Alves, 19, que dirigia o Monza no dia. Ela diz que vai esperar Max sair da prisão. Ana Montenegro tem dado apoio à filha e às famílias dos cinco acusados. "Agora não é hora de julgar." "Nada justifica o ocorrido, mas as pessoas deveriam pensar que ninguém está livre de uma situação como essa", disse a educadora. Por 30 anos, Ana Montenegro foi professora de adolescentes, quando constatou falhas no sistema educacional. Ela disse que as escolas se preocupam em preparar os jovens para a carreira profissional e se esquecem de prepará-los para vida. Pouco mais de uma semana depois do crime, ela acredita que a "tragédia" serviu para chacoalhar a sociedade para dar mais atenção aos índios. Depois de conviver sete meses com o namorado da filha, Ana Montenegro disse ter certeza de que ele e seus amigos agiram sem maldade. "O problema é que a juventude é muitas vezes inconsequente. São bons garotos que tiveram a idéia de brincar com uma pessoa que eles nem sabiam que era um índio", diz. As famílias dos acusados pela morte do índio evitam a imprensa e tentam voltar à rotina. A mãe dos irmãos Tomás e G., Naira Almeida, saiu de casa com a filha caçula no domingo retrasado, quando ocorreu o crime, e só voltou no último sábado, às 10h, disfarçada. Naira Almeida usava óculos escuros e estacionou seu Gol branco em um prédio vizinho. Segundo um adolescente que a viu, ela estava cabisbaixa. Já a família de Eron, primo dos irmãos, se esforça para voltar à vida normal. T.O., o irmão mais novo de Eron, tem ido à escola, e sua mãe, Isabel Chaves, voltou para casa, depois de uma semana. A família recebeu flores e telegramas. "Ela chorava sem parar", disse o porteiro conhecido por Lula, que entregou as encomendas. Maria da Conceição Alves, mãe de Max, não deu entrevista. Ela não tem trabalhado. Seu marido, o ex-ministro do Tribunal Superior Eleitoral Walter Menezes, trabalhou todos os dias, desde o crime. O juiz Novély Vilanova da Silva Reis, pai de Antônio, despacha no seu gabinete. A mãe de Antonio não mora em Brasília. Texto Anterior: Disputa judicial atrasa júri do pataxó Próximo Texto: Chefe da Civil cai e acirra a crise na polícia Índice |
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