São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Calendário agrícola reduz analfabetismo

PAULO MOTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM FORTALEZA

A adoção de um calendário escolar adaptado à produção agrícola local reduziu o índice de analfabetismo pela metade e aumentou 189% desde 1988 o número de alunos matriculados na rede de ensino de Croatá (352 km a oeste de Fortaleza).
A novidade foi implantada em 1989, na primeira gestão do atual prefeito, José Antônio Rodrigues Aragão (PSDB), 45, e é responsável também pelos baixos índices de repetência e evasão escolar.
Nos últimos oito anos, a taxa de repetência em Croatá foi de 9,5% -no Estado, foi de 18,65%. No mesmo período, a média de evasão escolar em Croatá foi de 10,7%, inferior à de 17,9% no Estado.
Aragão disse que resolveu mudar o calendário escolar do município após "constatar empiricamente" que grande parte dos alunos deixava de ir às escolas para ajudar seus pais na colheita agrícola.
A agricultura de subsistência e a produção de hortaliças são consideradas as principais atividades econômicas de Croatá. O plantio e a colheita ocorrem entre janeiro e maio, período chuvoso no Ceará.
"Foi uma questão de bom senso. A Secretaria Estadual de Educação deu o aval e a população aderiu em massa ao novo calendário", diz.
Enquanto os alunos do restante das escolas do Ceará já estão fazendo suas primeiras provas, os matriculados nas escolas de Croatá começam a assistir aulas no dia 28 de abril. O calendário prevê aulas até dezembro, com o aproveitamento dos sábados e sem as férias de julho.
A prefeitura calcula que a mudança no calendário teve influência direta no aumento de pelo menos 20% na produção agrícola. O prefeito estima que 80% dos agricultores não têm dinheiro para contratar mão-de-obra e usam a família para ajudá-los.
Aragão diz que a mudança no calendário foi acompanhada de uma série de medidas que visavam fixar o aluno na escola. Uma equipe de mobilização visita casa por casa, incentivando a matrícula.
A prefeitura comprou três ônibus para o transporte nas comunidades mais distantes. Foram construídas 29 novas salas de aulas e garantida a merenda para o ensino fudamental. Segundo o secretário de Educação, Valdemar Ferreira, o número de matriculados saltou de 1.874, em 1988, para 4.022, em 1990. Atualmente, 5.427 alunos estão matriculados.

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