São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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SUS deve pagar custo da Lei de Transplantes

RICARDO AMORIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os procedimentos necessários aos transplantes de órgãos deverão ser pagos pelo SUS (Sistema Único de Saúde), segundo proposta de regulamentação da Lei dos Transplantes, que deverá ser apresentada nesta semana ao ministro Carlos Albuquerque (Saúde).
A idéia foi baseada na experiência de países onde a questão está mais avançada, segundo o consultor jurídico do ministério, Edelberto da Silva. Ele disse que não há interesse da iniciativa privada em pagar esses procedimentos.
"O Estado tem de bancar tudo, tem de entrar onde a iniciativa privada não atua. Não vai haver ninguém querendo abrir empresas especializadas em transporte de órgãos, por exemplo", disse.
Pela proposta, elaborada pela comissão que prepara a regulamentação, o SUS pagaria todas as etapas, desde a constatação da morte cerebral até a cirurgia de transplante, incluindo o transporte e a conservação dos órgãos.
O valor total dos procedimentos necessários para o transplante, calculado pela comissão com base em transplantes de rins realizados nos Estados Unidos, fica em torno de R$ 12 mil.
No Brasil, esse valor deverá ser menor, mas ainda não pode ser calculado, já que nunca se fez o ciclo completo, segundo Silva.
"O SUS passará a ter uma tabela de valores para esses procedimentos", explicou, acrescentando que a regulamentação também prevê a criação do Sistema Nacional de Transplantes, centralizado pelo Ministério da Saúde e com ramificações nos Estados.
Com isso, Silva acredita que o principal problema para a realização de transplantes no Brasil seja resolvido: a falta de "logística". O sistema ficará responsável por cruzar as informações sobre oferta e demanda de órgãos.
A proposta prevê ainda que o ministério defina, posteriormente, a maneira com que será feita a identificação de não-doadores.
A idéia da comissão é de que os órgãos do SUS façam a ressalva, por meio de um adesivo colado aos documentos de identificação, por exemplo.
Isso, segundo Silva, vai reduzir o tempo para a entrada em vigor da lei, o que deve acontecer dentro de seis meses depois da publicação do decreto que tratará da regulamentação.

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