São Paulo, terça-feira, 29 de abril de 1997
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Carlos Fajardo divide espaço entre traço e trama

DA REPORTAGEM LOCAL

Cinco anos depois de sua última exposição individual na cidade, o artista plástico paulistano Carlos Fajardo volta, mas diferente.
Não apresenta esculturas, linguagem pela qual ficou mais conhecido a partir do início dos anos 80, quando trocou a pintura, seu desejo primeiro, pelas obras tridimensionais.
Esses cinco anos de ausência da cidade não significam, porém, pouca produtividade. Fajardo tem participado com frequência de mostras nos EUA, Canadá e Itália (45ª Bienal de Veneza, em 1993).
Na exposição que inaugura hoje, Fajardo apresenta uma instalação com uma série de dez desenhos e apenas uma escultura, feita com um trançado de cipós. É a primeira vez que expõe desenhos.
Avesso a metáforas, Fajardo chega mesmo a negá-la em sua nova escultura: uma gigantesca trama de cipós que forma uma quase esfera, que ocupa grande parte do espaço físico da galeria.
"Apesar de seu grande volume, uma característica dessa escultura é a leveza, e não o peso. E mesmo o cipó, sendo um material opaco, aqui ele ganha transparência", disse Fajardo.
Essa transparência se oporá à opacidade dos desenhos, meio que retornou à produção do artista recentemente, que se viu estimulado pelas aulas de desenho que passou a dar na USP.
Mais do que nunca, para Fajardo, o mínimo é mais. Instalados ao redor da grande bola de cipós (1,75 m de diâmetro), os desenhos estão no limite do capacidade visual. "Eles são muito delicados. Além de riscos leves com grafite, interfiro na estrutura molecular do papel, com pequenas dobras. São desenhos frutos de ações mínimas que o papel suporta", disse.

Mostra: Esculturas e Desenhos de Carlos Fajardo
Onde: A. S. Studio (al. Santos, 1.787, tel. 011.253-3233, Jardins)
Vernissage: hoje, às 20h
Quando: de segunda a sexta, das 14h às 19h; sábado, das 10h às 14h. Até 24 de maio

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