São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Comando da Vale ficaria no Brasil

Valecom quer centralizar decisões no país

ANTONIO CARLOS SEIDL
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

O centro de decisão da Vale do Rio Doce vai ficar no Brasil, caso o Consórcio Valecom, liderado pelos grupos Votorantim e Anglo American, da África do Sul, vença o leilão de privatização da mineradora.
É o que garantiu ontem o empresário Antonio Ermírio de Moraes, 68, diretor-superintendente do grupo Votorantim.
Ele informou que dentro do consórcio Valecom, a divisão das participações é a seguinte: grupos Votorantim e Anglo American, 41,5%, cada um, grupos Mitsui-Caemi e Japão-Brasil Participações, 8,5%, cada um.
A fatia de cada um no capital votante da Vale do Rio Doce vai depender do resultado do leilão.
Caso o Valecom vença o leilão, a Anglo American terá 41,5% do bloco comprado, ou seja entre, aproximadamente, 16,5% e 18%.
O grupo Votorantim vai ceder cerca de 30% de sua fatia de 41,5% a outros sócios, entre eles fundos de pensão, empregados e o Banco Safra, por meio da empresa Gercom.
Com isso, a participação do Votorantim no capital votante da Vale, caso o Valecom ganhe o leilão, ficará entre 11% e 13%.
Antonio Ermírio disse que a sua idéia é expandir a participação na Valecom dos empregados da Vale e dos fundos de pensão. Os fundos detêm 15% do capital ordinário.
"Com isso, o capital nacional vai ficar com pelo menos 51% do capital votante da Vale do Rio Doce."
Minério de Ferro
"Acho extremamente importante que o centro da decisão fique no Brasil, uma vez que o minério de ferro, quando se vai, não retorna mais. Minério não é um bem retornável, é um bem que se exaure e acabou. É preciso ter uma decisão nacional no comando da Vale."
Mas, apesar de sua defesa do controle nacional da Vale privatizada, Antonio Ermírio pretende aumentar as parcerias com investidores estrangeiros, caso vença o leilão.
"O Brasil infelizmente não pode crescer só com recursos nacionais. O Brasil tem que atrair recursos de outras partes do mundo para que nós possamos crescer e inclusive para evitar os blecautes daqui para frente", disse.
Em entrevista na sede do Banco Bozano, Simonsen, ontem, no Rio, Antonio Ermírio disse que o consórcio Valecom está fechado e firme -"não entra mais ninguém, não sai mais ninguém"-, aguardando com paciência a resolução do imbróglio jurídico acerca do leilão.
Depois de afirmar que respeita a soberania da Justiça, Antonio Ermírio disse que é um soldado à espera da convocação do BNDES para participar do leilão.

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