São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Ministro quer discutir conflitos

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Treze dias depois da chegada da marcha dos sem-terra a Brasília, o ministro interino da Justiça, Milton Seligman, anunciou ontem que irá convidar a direção do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) para discutir a violência em áreas de conflitos fundiários.
Seligman convidará a CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura). Entidades dos proprietários rurais, como a UDR, terão outra reunião.
O anúncio foi feito por Seligman no final de reunião entre o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) e José Rainha Jr., líder do MST no Pontal do Paranapanema (extremo oeste de São Paulo). Rainha defendeu que o MST aceite o convite.
"Não se trata de pacto ou suspensão das ocupações, o que não foi o objetivo da reunião, mas eu acho que nós devemos participar da reunião com Seligman", disse. O líder dos sem-terra evitou falar em nome do MST. Isso porque o motivo da reunião com Jungmann era acertar a liberação de R$ 4,7 milhões para a aquisição de uma fábrica de fécula de mandioca em Sandovalina (640 km a oeste de São Paulo).
O convite foi logo aceito pelo deputado Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP), que também é advogado do MST, e pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Com a ajuda de Seligman, eles articularam o encontro. "Quem mudou foi o governo", disse Suplicy, ao lembrar que há oito meses o então ministro da Justiça, Nelson Jobim, não recebeu o MST e devolveu documento entregue pela entidade.
Jungmann não aceitou a tese de que apenas o governo mudou e que o motivo foi o sucesso da marcha dos sem-terra em Brasília, promovida no último dia 17.
"O MST também mudou porque conseguimos pactar (sic) soluções em Londrina, Campo Grande, Sergipe e agora no Pontal do Paranapanema", disse ele.
Jungmann disse que os ataques feitos por Rainha -que o chamou de "'canalha" durante a marcha- e pelos demais líderes do MST são "pura retórica".

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