São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Inocêncio prevê atraso nas reformas

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PFL, deputado Inocêncio Oliveira (PE), contrariou ontem os planos do governo e disse que as reformas constitucionais propostas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso não estarão concluídas antes do final do ano.
"Isso é a ansiedade de quem quer começar logo a segunda etapa do seu governo, mas, a partir de janeiro, ele vai poder", calculou o líder, referindo-se à pressa manifestada por FHC em reuniões com 13 governadores, nas noites de segunda e terça-feira.
O novo atraso previsto pelo líder pefelista no cronograma traçado pelo Planalto deve ser a principal consequência da difícil convivência entre os aliados políticos do Palácio do Planalto.
Num relato do encontro de governadores tucanos com Fernando Henrique, Tasso Jereissati (CE) insistiu na determinação de FHC de concluir as reformas até julho, "a qualquer custo, mesmo que seja para perder".
No jantar de anteontem com governadores do PMDB, FHC pediu apoio para concluir a votação da reforma administrativa ainda no mês de maio.
O mês de julho é considerado um limite pelo governo porque o objetivo é vencer a etapa das reformas constitucionais para começar logo uma nova fase -empreendedora- da administração, um ano antes do início da campanha eleitoral de 1998.
Estão em jogo no Congresso as reformas administrativa, da Previdência Social, a emenda que prorroga o FEF (Fundo de Estabilização Fiscal), além do projeto que permite a reeleição de FHC. Todos exigem apoio de três quintos dos deputados e senadores.
Parte dos aliados governistas já defende a retomada do projeto de reformas constitucionais em 1999.
O PSDB culpa abertamente o PMDB pela dificuldade em aprovar a reforma administrativa. "O problema (da base política do governo) é o PMDB, não tem outro", avaliou Jereissati, resumindo as conversas do jantar de anteontem.
"O problema é de todos, é da reforma, que exige coragem e paciência", reagiu o líder do PMDB, deputado Geddel Vieira Lima (BA), sem poupar os tucanos.
"O PSDB é o partido do presidente e poderia ter dado os dez votos que faltaram para evitar a derrota da reforma administrativa."
Vieira Lima insiste em que a ala governista do PMDB nunca prometeu unanimidade de votos do partido em favor das propostas de FHC. Entre 15 e 18 peemedebistas, pelo menos, votam sistematicamente contra o governo.
Líder
Em outra frente de conflito na base governista, Tasso Jereissati disse que os tucanos não abandonaram os planos de substituir o líder do governo na Câmara (cargo ocupado pelo pefelista baiano Benito Gama). "É uma possibilidade concreta", afirmou.
O líder do PFL não estimula qualquer mudança no comando político do governo, tampouco endossa as críticas dos tucanos ao PMDB. "O PMDB não é problema, é solução", disse Inocêncio.
Para tentar vencer as resistências na base política do governo e reunir os 308 votos necessários na Câmara à quebra da estabilidade dos funcionários públicos no emprego, FHC cobrou empenho dos governadores do PMDB e do PSDB na nas próximas votações.

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