São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Assessor de Paulo Afonso recebeu da Fator

DANIEL BRAMATTI; OSWALDO BUARIM JR.; ALEX RIBEIRO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O secretário da Fazenda de Santa Catarina, Paulo Prisco Paraíso, recebeu no ano passado, quando era assessor direto do governador Paulo Afonso Vieira, R$ 35,96 mil em cheques da corretora Fator, integrante da cadeia de negociações com títulos investigada pela CPI dos Precatórios.
As cópias dos cheques foram divulgadas pela CPI, que começou ontem a analisar os primeiros dados resultantes da quebra do sigilo bancário, telefônico e fiscal de secretários estaduais da Fazenda.
Prisco Paraíso recebeu pouco menos da metade do lucro obtido pelo Banco Fator (controlador da corretora) em operações de compra e venda de títulos de Santa Catarina, de R$ 72,83 mil.
Os cheques foram depositados nos dias 31 de outubro (R$ 11,61 mil) e 1º de novembro de 1996 (R$ 24,35 mil). Os títulos do Estado haviam sido negociados pela "cadeia da felicidade" pouco antes, nos dias 24 e 29 de outubro.
Na época, a principal função de Prisco Paraíso no governo catarinense era captar recursos para o Estado. Ele foi o principal articulador da emissão de títulos com o alegado objetivo de pagar precatórios (dívidas judiciais).
"É o primeiro deslize de uma série de operações que foram muito bem montadas", disse o senador Vilson Kleinubing (PFL-SC), ao comentar a descoberta.
Kleinubing evitou se referir aos cheques como "provas" de envolvimento do secretário. "É uma situação estranha que precisa ser explicada. Pode ser coincidência. Ele (Paraíso) pode dizer que prestou assessoria para o Fator no intervalo de seu trabalho", disse o relator da CPI, Roberto Requião.
Requião afirmou ainda que os cheques serão encaminhados à CPI da Assembléia Legislativa catarinense, que também investiga irregularidades com os títulos.
Com minoria na Assembléia, o governador Paulo Afonso está sob a ameaça de um impeachment.
A quebra do sigilo do secretário revelou que parte do dinheiro recebido do Fator foi repassado para uma agência de turismo de Florianópolis, a Ilhatur. Um cheque de R$ 19,79 mil foi emitido para a agência no dia 19 de dezembro.
Requião afirmou ontem que seu relatório parcial -com as denúncias sobre irregularidades cometidas por governadores, prefeitos e secretários- ficará pronto somente entre os dias 25 e 30.
Os capítulos referentes a cada Estado e município investigado serão discutidos em reuniões fechadas da comissão e só então enviados para os governadores e prefeitos, que terão prazo para contestar as denúncias.
(DANIEL BRAMATTI, OSWALDO BUARIM JR. e ALEX RIBEIRO)

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