São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Aluno passa 6h em ônibus

DO ENVIADO ESPECIAL

Tem criança em Ribas do Rio Pardo, principal cidade produtora de carvão, que passa seis horas todo dia dentro de um ônibus para chegar à escola.
Com isso, o plano de que os meninos carvoeiros deveriam passar o dia todo na escola, parte nas aulas e parte tendo reforço escolar e aulas de ginástica, não vem sendo cumprido. Alguns cumprem a segunda parte da jornada, a das brincadeiras, dentro do ônibus.
A redução do número de crianças em carvoarias pegou o Estado de calças curtas. Faltam escolas e, principalmente, transporte escolar. Mês passado, o programa ganhou 12 Kombis do Comunidade Solitária e vai receber oito Toyotas.
Só em Três Lagoas foram abertas quatro novas escolas depois da bolsa. Ninguém sabe ao certo quantas foram criadas no Estado para atender o aumento de alunos.
Escola, ali, é quase uma força de expressão. É uma única sala, com aulas da 1ª à 4ª série, dadas por um professor que na maioria dos casos tem o 1º grau, quando tem.
O efeito do Vale Cidadania na estrutura educacional do Estado é tão importante quanto tirar as crianças dos fornos, crê Edima Aranha Silva, 43, geógrafa da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul que fez a primeira pesquisa sobre carvoeiros, em 1992.
"As cidades tiveram de ser chacoalhadas para receber o Vale", diz. Nas 12 cidades atendidas pelo programa, o número de alunos passou de 5.640 em 1996 para 5.988 neste ano (5,8% a mais).
Em Santa Rita do Pardo, o número de alunos saltou 50%. Eram 163 em 1996; são 245 agora.

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