São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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PM envia contraproposta a Covas em 1 mês

CRISPIM ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O comando geral da Polícia Militar de São Paulo apresenta em 30 dias propostas de aperfeiçoamento à sugestão de emenda constitucional, feita pelo governador Mário Covas, que diminui o poder da corporação. Pela proposta de Covas, a PM perderia o policiamento ostensivo, que passaria a ser feito pela Polícia Civil.
A medida do governador foi tomada após a divulgação de imagens de violência de policiais militares em Diadema (ABCD). As imagens mostravam PMs espancando e atirando contra civis na favela Naval. A proposta de Covas desagradou toda a corporação, que se considerou traída por não ter sido consultada.
A decisão de apresentar propostas de aperfeiçoamento foi tomada durante a reunião do alto comando da PM, ontem pela manhã. Participaram 14 coronéis.
O coronel Claudionor Lisboa, comandante-geral da PM, determinou a formação de grupo de trabalho, coordenado pelo coronel José Américo, subchefe de Estado-Maior, para analisar proposta à emenda constitucional de Covas.
A primeira reunião do grupo deve acontecer na próxima semana. As propostas serão encaminhadas ao secretário da Segurança Pública, José Afonso da Silva.
O objetivo é diminuir ao máximo o impacto da sugestão de Covas junto à corporação, ou seja, manter o atual poder na hierarquia da Segurança Pública.
Paralelo a esse grupo de estudo, entidades de classe da PM também estão elaborando sugestões à emenda de Covas.
Durante a reunião do alto comando, foram discutidas também formas de aumentar a fiscalização dentro da PM. A medida começará ser aplicada na próxima semana.
A idéia é implantar uma fiscalização mais próxima entre os comandantes dos quartéis e os subordinados. A proposta já havia sido anunciada na primeira reunião de todos os coronéis da PM logo após o episódio de Diadema.
Prontidão
Os 14 coronéis do alto comando da PM decidiram manter a prontidão geral de toda a corporação hoje. Com isso, parte dos 77 mil policiais em todo o Estado ficaram aquartelados. O restante fará o policiamento normal.
Ontem, o tenente-coronel Paulo Regis Salgado, chefe da 5ª seção de Estado-Maior da PM, emitiu nota informando que em datas cívicas -hoje é Dia do Trabalho- grande parte do efetivo, costumeiramente, fica de prontidão.
No entanto, coronéis ouvidos pela Folha voltaram a reafirmar que a medida não é adotada há cerca de cinco anos e que a prontidão geral vai servir para inibir possíveis manifestações de policiais militares contra os baixos salários.

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