São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Indústria suspende importação da Índia

CLÁUDIO EUGÊNIO
DA REPORTAGEM LOCAL

A possibilidade de a indústria de café solúvel brasileira importar café tipo conillon da Índia está suspensa desde a semana passada.
A operação seria realizada para combater os altos preços da matéria-prima cobrados no mercado interno e dar competitividade ao café solúvel brasileiro no mercado externo.
O custo do produto indiano atualmente é 25,6% inferior ao praticado no mercado interno.
"A saca do café importada da Índia chega ao porto de Paranaguá por cerca de US$ 67 para a indústria. O mesmo produto comprado no mercado interno custa entre US$ 85 e US$ 90", afirma Mauro Malta, diretor-executivo da Abics (Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel).
Segundo Malta, o produto indiano é o mais barato no mercado internacional e dá condições para a indústria nacional disputar mercado com os concorrentes americanos e europeus.
O diretor da Abics disse que o pedido de suspensão da operação foi feito pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, a Sérgio Coimbra, presidente da Abics, durante a visita de FHC ao Canadá.
Coimbra é presidente da Companhia Cacique de Café Solúvel, indústria que se preparava para trazer o café indiano. O primeiro lote seria de 20 mil sacas.
A operação, conhecida como "draw-back", consiste na importação da matéria-prima -no caso, o café conillon já torrado- e na sua posterior exportação em forma de café solúvel.
Praticamente toda a produção de café solúvel brasileira é vendida no mercado externo. No ano passado, a receita com exportações do setor atingiu US$ 400 milhões. A metade é destinada ao pagamento de matéria-prima.
O ministro da Indústria e Comércio e Turismo, Francisco Dornelles, foi encarregado por FHC de encontrar uma solução para o problema, que deverá ser apresentada nos próximos dias, afirma Malta.
A proposta da indústria é que o governo negocie seus estoques reguladores a preços compatíveis com os do mercado internacional. Para Antonio Joaquim de Souza Neto, gerente-geral de comercialização da Cooabriel -Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel (ES), o processo de "draw-back" não deve continuar.

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