São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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Novo songbook sintetiza a obra de Djavan

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DA REDAÇÃO

Já está concluído o próximo projeto de songbook da gravadora/editora Lumiar: o cantor e compositor alagoano Djavan vê sua obra, nos próximos dias, condensar-se numa coleção de três CDs com 47 faixas e 49 intérpretes mais dois volumes em livro com 98 partituras.
"Djavan é um dos nossos compositores mais importantes. Tem muita personalidade, o que é difícil encontrar em artistas mais jovens", justifica o faz-tudo Almir Chediak, que fundou o selo e idealizou o projeto, pesquisa e seleciona repertório, acompanha e produz as gravações, divulga os trabalhos...
Antes de Djavan, tiveram discos-songbook lançados Noel Rosa, Gilberto Gil, Dorival Caymmi, Carlos Lyra, Edu Lobo, Ary Barroso e Tom Jobim. Além desses, houve livros de partitura de Caetano Veloso, bossa nova, Rita Lee, Cazuza e Vinicius de Moraes.
Djavan acompanhou o projeto meio de longe. "Meu envolvimento foi apenas de revisar as partituras. É fundamental que estejam corretas", afirma.
Foi nesse quesito que Chediak afirma ter tido maior dificuldade. "Suas harmonias são bastante complexas, não é fácil sair tocando Djavan. Ele ajudou muito, revisou música por música, fez questão de que as partituras tivessem as divisões com que ele as interpreta", afirma.
"Para minha música, isso foi maravilhoso", afirma Djavan. "Não é raro ver pessoas tocando minhas músicas com harmonias erradas, e recebo muitos pedidos de partituras corretas. Detesto perceber que as pessoas não têm acesso às harmonias certas."
Intérpretes
O rol de intérpretes inclui Maria Bethânia, Gal Costa, Chico Buarque, Nana Caymmi, João Donato, Caetano Veloso, Johnny Alf, Ed Motta, João Bosco, Beth Carvalho e outros (leia quadro ao lado).
Aí, Djavan diz pouco ter interferido. "Só indiquei 'Morena de Endoidecer', que gostaria de ver Maria Bethânia cantando. Ficou bonito", afirma.
O artista diz ter ouvido poucas das faixas concebidas para o projeto, mas mesmo assim opina: "Do que vi, ficou uma impressão agradabilíssima, de ver uma variedade de vozes e estilos fazendo coisas com que eu tenho uma identidade muito íntima. Com uns, me identifico mais, com outras menos, mas todas estão muito boas."
Ele sintetiza a reação do autor frente a reinterpretações de sua obra: "É a revelação inusitada de coisas que eu mesmo concebi. Quando interpreto, estou a meu ver dando a cara que a canção tem mesmo, mas não, ela tem várias outras."
Quanto à possível irregularidade dos resultados, ele afirma: "Às vezes, a leitura nem impressiona positivamente, mas até isso é bom. Não se trata de a interpretação agradar você, mas de ver o prazer que as outras pessoas têm em interpretá-la."
Novos projetos
Chediak já executa o próximo projeto de songbook: será dedicado ao compositor João Donato e já tem cerca de 20 músicas prontas.
Já gravaram, entre outros, Chico Buarque, Nana Caymmi, Angela RoRo, Johnny Alf, Leny Andrade, Guinga, Dominguinhos, João Nogueira, Rosa Passos, Zé Renato, Marcos Valle, Joyce, Daniela Mercury, Leila Pinheiro e Emílio Santiago.
Além disso, há cerca de quatro anos ele prepara o songbook de João Bosco. Chediak fala sobre o processo delicado de seleção dos intérpretes participantes: "Tem artista que fica enciumado. Mas só convido quando ouço a música e sinto o intérprete nela."
Ele diz estar aprimorando, de projeto em projeto, a regularidade de qualidade das gravações dos artistas eleitos. "Procuro cuidar disso. Se o artista foge da essência, mata o projeto. Os últimos que lancei são mais coesos", conclui.

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