São Paulo, quinta-feira, 1 de maio de 1997
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DIFERENÇA MÍNIMA

A se confirmar a tendência apontada pelas pesquisas de opinião, o líder do Partido Trabalhista, Tony Blair, deve ser eleito hoje primeiro-ministro do Reino Unido.
Sua provável vitória põe fim a 18 anos de hegemonia do Partido Conservador, inaugurada em 1979, com a ascensão de Margaret Tatcher.
Rivalidades históricas à parte, o impacto da vitória de Blair sobre John Major deve ser mais simbólico do que prático. Ou seja, ninguém, entre os formadores de opinião, acredita em grandes mudanças de rumo na condução da política-econômica.
Exemplo enfático disso é a capa da revista "The Economist" desta semana, que resume o sentimento de apatia diante da eleição com os seguintes dizeres: "Os conservadores merecem perder. Os trabalhistas não merecem vencer".
Depreende-se disso que o provável êxito dos trabalhistas será antes um sintoma do desgaste dos conservadores depois de 18 anos à frente do poder do que uma vitória de propostas alternativas para o país.
Tudo aponta para o fato de que as antigas clivagens ideológicas tendem a diminuir, convergindo para um cenário de quase indiferenciação entre os partidos.
O fenômeno, aliás, tem alcance mundial. Enquanto na França, por exemplo, o governo socialista do ex-presidente François Mitterrand adotou no seu segundo mandato medidas drásticas de redução do chamado Estado de Bem-Estar Social, no Reino Unido, tido como celeiro do liberalismo, o gasto com pensões, seguridade social, educação, saúde pública e habitação aumentou de 23% para 26% do PIB (Produto Interno Bruto) durante o período comandado pelos conservadores.
Na era da globalização, quando o raio de manobra dos políticos se vê mais do que nunca restrito, o grande desafio está em garantir a competitividade econômica e ao mesmo tempo atender às demandas básicas da população. No caso britânico, se essa tarefa cabe hoje aos conservadores ou aos trabalhistas, parece que isso deixou de ser o ponto decisivo.

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