São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997 |
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FHC convida Lula para debater idéias da oposição
MARTA SALOMON
A conversa -o dia e horário dependem apenas da resposta do petista- seguirá a pauta que Lula determinar. "Será como Lula quiser", disse ontem um interlocutor do presidente, que pediu para não ser identificado. Apesar de FHC se manifestar disposto a discutir propostas da oposição, a negociação não incluirá a privatização da Companhia Vale do Rio Doce, criticada duramente pelo ex-presidente do PT. A expectativa do Palácio do Planalto é que a venda da estatal seja um "fato consumado" no dia do encontro de FHC com o líder do principal partido de oposição. Modelo MST Ao formalizar o convite de audiência a Lula, o presidente da República repete o modelo de comportamento que manteve com o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), durante a marcha promovida pela entidade a Brasília, duas semanas atrás. A abertura do diálogo com a oposição seria, na avaliação de interlocutores do presidente, o melhor caminho para anular as críticas crescentes ao governo. Mesmo evitando o confronto com a oposição, FHC não aceita que seus adversários imponham rumos ao governo. Na audiência a representantes do MST, o presidente insistiu em que executa um programa de governo aprovado pelas urnas em 1994 e, por isso, não aceita contestação à sua autoridade. Política econômica O convite de Fernando Henrique foi o primeiro feito formalmente em dois anos e quatro meses de mandato. O presidente quer ouvir quais são as propostas de Lula para combater o desemprego, embora recuse a tentativa da oposição de atribuir o fenômeno à condução de sua política econômica. Há mais de um ano Lula tenta negociar, sem sucesso, uma ampla aliança política para disputar a Presidência da República nas eleições de 1998. Por enquanto, evita discutir a possibilidade de se lançar candidato ao Palácio do Planalto pela terceira vez. O petista também procura conter a discussão sobre o nome do PT para a disputa presidencial. Na sua opinião, esse debate, neste momento, pode causar fissuras partidárias e expor ao desgaste o presidenciável petista a ser escolhido. Até o início da noite de ontem, o chefe do gabinete pessoal da presidência, José Lucena Dantas, não havia conseguido confirmar a audiência com Lula. O convite foi formalizado pelo assessor ao escritório do Instituto Cidadania (dirigido pelo líder petista) na noite de terça-feira. O ministro da Cultura (e ex-petista), Francisco Weffort, também foi encarregado pelo presidente de fazer a ponte com o ex-adversário da campanha. Texto Anterior: Isso é que é mãe Próximo Texto: Líder petista quer pauta específica Índice |
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