São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997
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Democratizar ensino foi objetivo como secretário

LUIS HENRIQUE AMARAL
DA REPORTAGEM LOCAL

Nos dois anos e meio em que comandou a Secretaria Municipal da Educação de São Paulo (de janeiro de 89 a maio de 91, na gestão Erundina), Paulo Freire investiu principalmente no que chamava de "democratização" do ensino.
Os conselhos de escola, formados por professores, pais e funcionários, tiveram seus poderes ampliados. O próprio Freire costumava afirmar que sua principal realização foi fortalecer a "autonomia escolar". Com a medida, as unidades podiam elaborar seu orçamento e planos de aula.
O secretário ainda tentou implantar a eleição direta para diretores das escolas, mas a proposta foi refutada pelos professores.
Freire mudou o nome das antigas delegacias de ensino para núcleos de ação educativa. Motivo: achava que o primeiro lembrava a polícia. Maluf assumiu a prefeitura, e voltou o antigo nome.
Sua gestão foi marcada por medidas polêmicas. O uso de espaços "alternativos" como salas de aula foi uma delas. Ele usava salões de sindicatos e até igrejas para instalar pré-escolas e cursos de alfabetização de adultos. Nos primeiros seis meses, Freire criou 960 classes de alfabetização de adultos.
Outra medida polêmica foi a extinção dos exames médicos para educação física em toda a rede municipal. Ao justificar sua decisão, ele afirmou que as "crianças populares têm uma prática de atividade física que demanda esforços bem maiores dos que os praticados nas aulas de educação física".
A gestão do educador também foi marcada pelo aumento do número de vagas nas escolas. No primeiro ano, elas aumentaram 6,35%, contra 4,34% em toda a gestão anterior, de Jânio Quadros.
Quando Freire deixou a secretaria, seus críticos afirmaram que ele não imprimiu uma "marca pessoal" à gestão.
"Ao contrário do que se esperava, o secretário vai sair sem deixar uma marca própria da sua gestão", disse o então presidente da Associação dos Profissionais em Educação do Ensino Municipal, Claudio Fonseca.
Apesar de prometer profundas reformulações no currículo das escolas, elas não vieram.
Uma das poucas mudanças foi a introdução do ensino de educação sexual. O projeto foi coordenado pela sexóloga e hoje deputada Marta Suplicy (PT).

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