São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Mercado considera tímidas as medidas

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Os juros projetados no mercado futuro devem subir na segunda-feira por causa da timidez das medidas de contenção ao consumo adotadas ontem pelo governo.
No mínimo, o mercado deve "devolver" a queda vivida ontem, quando bancos e corretoras já trabalhavam com a possibilidade de o governo restringir o financiamento.
Essa é a avaliação de operadores do mercado financeiro ouvidos ontem pela Folha.
Seguindo esse raciocínio, os juros para o mês de julho devem voltar ao 1,69% com que iniciou o dia, depois de chegar a cair a 1,65%, fechando a 1,66%.
A alta pode ser ainda maior porque o nervosismo dos investidores, ao menos em um primeiro momento, deve levar o mercado ao seguinte raciocínio, avalia um dos operadores: como o IOF é muito pouco, o governo precisará voltar a agir, se pretende pôr em ordem as contas externas do país.
Assim, a reação será a de alta dos juros no mercado futuro, o que também poderá ser a primeira reação nos negócios do mercado a vista, ainda que com intensidade menor.
Como o governo já deu mostras de que mexer no câmbio é sua última alternativa, a timidez de ontem pode indicar que o governo está inclinado a conter a economia por meio da elevação dos juros.
Essa medida teria ainda o efeito de aumentar o prêmio pago aos investidores estrangeiros, o chamado cupom cambial, que vem caindo há alguns meses.
Esse prêmio é a diferença entre o que o investidor estrangeiro consegue numa aplicação no mercado norte-americano, por exemplo, e o rendimento de uma aplicação em real acima da variação do câmbio no mesmo período.
Com um prêmio maior o governo conseguiria manter o fluxo de dólares para o país.
A preocupação do governo com o cupom cambial ficou clara quando decidiu reduzir -e alguns casos isentar- a entrada de dólares.

Texto Anterior: Mercado considera tímidas as medidas
Próximo Texto: Aumentam as ofertas e os preços diminuem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.