São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997
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Aumento é paliativo, dizem economistas

CLÁUDIO EUGÊNIO
CLAUDIA GONÇALVES

CLÁUDIO EUGÊNIO; CLAUDIA GONÇALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

A maioria dos economistas consultados ontem pela Folha a respeito do aumento do IOF acredita que a medida é paliativa, pois não ataca o problema da supervalorização cambial.
Mailson da Nóbrega, ex-ministro da Fazenda, acredita que a decisão é acertada, mas a medida mais eficaz seria a limitação dos prazos de financiamento do consumo, que atingiria uma parcela maior de consumidores.
Para ele, mais importante do que analisar os efeitos da medida é perceber que o governo tomou uma atitude para evitar a tendência de explosão do déficit comercial.
Os setores mais afetados, segundo o ex-ministro, serão os de automóveis e de turismo externo.
"O consumidor de baixa renda não deve sentir os efeitos, pois não se preocupa com juros nem faz financiamento em 40 meses."
Segundo o economista e professor da Fundação Getúlio Vargas Paulo Nogueira Batista Jr., o aumento do IOF é "uma medida tópica para enfrentar a deterioração das contas externas, mas que não mexe no problema central, que é a valorização excessiva do câmbio".
Batista diz ser difícil prever o impacto da mudança no consumo.
O economista Aloizio Mercadante também acredita que o problema passa pela questão cambial.
"É mais um paliativo, que não deve alterar a gravidade do problema cambial do país. Deve aumentar a inadimplência e aprofundar ainda mais a desaceleração da economia. E vai agravar o desemprego", diz.
Para Álvaro Zini, professor de economia da USP, a medida é equivocada. "O problema da balança comercial passa por um ajuste no câmbio, e não por um desaquecimento da economia."
Outro professor de economia da USP, Eduardo Giannetti da Fonseca, afirma que a mudança é contraditória. "Até ontem, Gustavo Loyola afirmava não haver nenhum problema com o consumo. Hoje, ele faz esse anúncio."

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