São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997
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Déficit chega a US$ 951 milhões em abril

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O déficit comercial de abril superou as expectativas mais pessimistas do governo. Segundo dados divulgados ontem, as importações superaram as exportações em US$ 951 milhões.
No início do ano, a equipe econômica esperava que, com os embarques da safra agrícola a partir de março, melhorassem os resultados da balança.
Concluído o primeiro trimestre, já diante de um resultado abaixo do esperado com as exportações, falava-se em déficit entre US$ 600 milhões e US$ 700 milhões.
As exportações de abril registraram recorde histórico de US$ 4,629 bilhões, mas as importações também bateram os números mais altos computados até então e chegaram a US$ 5,580 bilhões.
Com o resultado, o déficit acumulado nos primeiros quatro meses do ano chega a US$ 4,009 bilhões, mantendo o patamar de cerca de US$ 1 bilhão mensal que projeta um resultado negativo de US$ 12 bilhões em 97.
Como comparação, no ano passado foi registrado um déficit de US$ 5,5 bilhões, o que já foi considerado um resultado preocupante pelo governo.
Os resultados da balança comercial explicam por que o governo passou a estudar a contenção da atividade econômica.
O Plano Real controlou a inflação promovendo uma sobrevalorização do real em relação ao dólar. Dessa forma, e com a abertura comercial, os produtos importados ficaram mais baratos e reduziram a margem para aumentos de preços internos.
Mas essa estratégia trouxe um efeito colateral: em momentos de aquecimento econômico, as importações disparam. Por isso, o Real trouxe de volta os déficits.
Quando o país importa mais do que exporta, é preciso compensar essa perda de dólares atraindo divisas de outras formas. O Brasil depende de capitais externos voláteis (que migram de um país para outro com grande facilidade) para não perder suas reservas em dólar.
Os resultados da balança comercial de abril se distanciaram das previsões iniciais nos últimos três dias úteis do mês, ou seja, nos resultados desta semana.
Até a semana passada, transcorridos 18 dias úteis, o déficit acumulado de US$ 621 milhões projetava um resultado negativo de cerca de US$ 770 milhões.
Entretanto, a partir dos últimos três dias úteis do mês, a média diária de importações no mês saltou de US$ 258,2 milhões para US$ 265,7 milhões.
O governo não explicou ontem os motivos da alta de importações no final do mês. Não houve a tradicional entrevista dos secretários de Política Econômica, José Roberto Mendonça de Barros, e de Comércio Exterior, Maurício Cortes, para a divulgação dos resultados.

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