São Paulo, sábado, 3 de maio de 1997
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Kabila deixa Mobutu esperando em navio

Rebelde zairense boicota cúpula

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente do Zaire, Mobutu Sese Seko, venceu as dificuldades do seu frágil estado de saúde e embarcou no navio sul-africano SAS Outeniqua. Mas seu inimigo, Laurent Kabila, não apareceu.
O navio estava atracado em Pointe-Noire, no Congo. O embarque foi atrasado cinco horas porque Mobutu, que sofre de câncer na próstata, não conseguia subir os 31 degraus, muito íngremes, que dão acesso à embarcação.
Improvisou-se uma rampa, e ele embarcou. Com o presidente sul-africano, Nelson Mandela, mediador na guerra civil, Mobutu rumou para alto-mar, em frente ao território angolano.
Incerteza
Horas depois, chegou de Angola o vice-presidente sul-africano, Thabo Mbeki, com a notícia de que Kabila não viria. Mbeki deveria receber Kabila em Luanda e levá-lo até o barco. As razões da ausência não estavam claras.
Primeiro, o governo angolano (aliado de Kabila) disse que ele não via segurança no barco; depois, o líder guerrilheiro afirmou que não fora convidado oficialmente.
Mas, segundo a "Reuter", Kabila não ficou satisfeito com os acordos prévios ao encontro. A Aliança das Forças Democráticas para Libertação do Congo-Zaire chegou a dizer que Mobutu renunciaria a bordo do SAS Outeniqua. Mas não há indícios de que isso vá acontecer mesmo que haja uma reunião.
Na noite de ontem (final da tarde no Brasil), ainda não se sabia se o barco sul-africano ficaria no mar ou voltaria a Pointe-Noire.
Para Kabila, o encontro é irrelevante. Suas tropas estão cada vez mais perto de Kinshasa, a capital do Zaire, e avançam sem muita resistência. A conquista do governo parece apenas questão de tempo.
Ontem, as forças de Kabila tomaram Lisala, 1.000 km ao norte de Kinshasa. É uma importante vitória simbólica, pois se trata da cidade natal de Mobutu.
A informação foi dada pelo presidente da Comissão de Justiça e Paz do episcopado zairense, dom Dominique Kahanga, e negada pelo governo.

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