São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Títulos da dívida brasileira caem 7% em NY

DA REPORTAGEM LOCAL

A alta dos juros norte-americanos, ocorrida em meados de março, fez com que as cotações dos títulos da dívida externa brasileira negociados em Nova York caíssem cerca de 7%.
O desempenho indica que piorou a percepção dos investidores externos sobre os rumos do plano de estabilização e da economia brasileira como um todo.
A queda, no entanto, foi revertida em parte ao longo dos últimos dias, quando ganhou força no mercado financeiro internacional a tese de que os juros norte-americanos não devem voltar a crescer, ao menos não na próxima reunião do Federal Reserve (banco central norte-americano).
Com isso, o C-Bond, o principal título da dívida brasileira negociado no exterior, subiu de aproximadamente US$ 0,75 por dólar de face para fechar na sexta-feira cotado a US$ 0,77625.
O raciocínio dos investidores é o seguinte: com juros mais altos nos EUA, tende a diminuir o fluxo de dólares para as economias emergentes, incluindo o mercado brasileiro.
Com isso, fica mais difícil para esses países conseguir recursos para se financiar e também para pagar suas obrigações no exterior.
E caem as cotações dos títulos da dívida brasileira, o que também estava acontecendo com o preço das ações brasileiras negociadas em Wall Street.
Quando o preço das ações brasileiras -e também das norte-americanas- começou a subir, os títulos acompanharam a alta.
Juros x Bolsas
Como o valor dos títulos brasileiros varia no mesmo ritmo dos investimentos em Bolsa, a situação melhorou durante a semana.
Segundo alguns analistas, no entanto, ainda não está claro qual será o juro básico da economia norte-americana no final do ano, por exemplo.
Para uns, a taxa básica -atualmente em 5,25% ao ano- pode subir ainda 0,5 ponto percentual, para ficar em 5,75% até dezembro.
Nesse caso, o efeito sobre o fluxo de dólares para a economia brasileira seria pequeno.
O governo tem demonstrado, no entanto, estar preocupado com esse fluxo de recursos para financiar o déficit das contas externas.
Prova disso foi a redução do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para a entrada de dólares. Em alguns casos, o governo optou por retirar completamente o imposto, para continuar conseguindo financiar o déficit.
Tendência
Graça Paiva, gerente de renda variável do Banco Boavista, considera que as empresas norte-americanas têm aumentado suas taxas de produtividade.
Segundo ela, a queda do volume vendido e o aumento dos lucros seriam provas disso.
"Esse movimento demonstra que as empresas têm condições de absorver aumentos de custos sem que isso signifique aumento da inflação", avalia.
Caso isso se confirme, o banco central norte-americano não precisará aumentar novamente os juros básicos, o que facilitaria a vida dos países de economia emergente, como o Brasil.
O pior dos mundos para essas economias seria uma alta mais acentuada dos juros básicos norte-americanos, como a que ocorreu em 1994, quando os juros dobraram de valor.

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