São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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Médicos aprendem a dar más notícias

El País
de Madri

MIKEL MUEZ
DO "EL PAÍS", EM PAMPLONA

Era artrose, uma doença de gravidade menor. Apesar disso, a notícia provocou tristeza no doente e surpresa na médica. "Foi falha minha", disse a clínica geral Pilar Buil, do centro de saúde de Cizur (norte da Espanha).
"Eu não soube prever as expectativas do paciente. Não soube transmitir a informação."
Para evitar esse tipo de situação e saber como transmitir más notícias, 40 clínicos gerais participaram recentemente de seminário dado pelo grupo Comunicação e Saúde, da Sociedade Espanhola de Medicina Familiar e Comunitária.
Câncer e Aids
Melhorar as habilidades de comunicação entre médico e paciente; ensinar o médico a conhecer e identificar as reações do doente e de sua família; prever as expectativas pessoais de cada ser humano diante dessa realidade nova são os objetivos do seminário.
Ensinar os médicos a informar seus pacientes sobre doenças graves, como câncer ou Aids, e também sobre outras que, mesmo que não sejam tão sérias, podem modificar a vida da pessoa que as sofre.
"Na hora de transmitir más notícias, há uma regra de ouro que é preciso seguir: nunca se deve enganar o paciente ou mentir para ele. O doente tem o direito de saber o que está acontecendo com ele, mas não o dever", dizem os responsáveis pelo curso.
"Quando nos perguntam se se deve sempre dizer toda a verdade à pessoa que tem câncer, Aids ou outras doenças, graves ou não, dizemos que 'sempre' é uma coisa que não existe na medicina. O momento e a forma de comunicar esses diagnósticos ao paciente depende da pessoa, de suas crenças e das circunstâncias."
Para saber informar, é preciso conhecer a pessoa que será informada. "A informação que se transmite deve ser tecnicamente exata, mas não impossível de ser compreendida pelo paciente, de modo que ele não pense que estão tentando enganá-lo. Um ponto essencial é que se deve levar em conta as circunstâncias pessoais do paciente, para que ele possa 'absorver' a informação num processo gradativo, nunca brusco ou gratuito, preparando-o para ouvir o máximo possível da verdade."

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