São Paulo, domingo, 4 de maio de 1997
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"Jambo" Zanzibar!

GIULIANO CEDRONI

Zanzibar, apesar de muçulmana, tem características africanas e acolhe o turista
"Jambo!", dizia o garoto do porto, com um enorme sorriso, para todos os passageiros que aportavam. A saudação é uma mistura de olá e bem-vindo em suahili, idioma local.
Assim é a chegada em Zanzibar depois de uma hora de barco desde Dar-Es-Salaam, maior cidade da Tanzânia, na África Oriental.
Stonetown, ou "cidade de pedra", como é chamado o centro histórico da ilha, é patrimônio histórico da humanidade. Hoje é preservado pela Unesco. Só é permitido o tráfego de motocicletas, pessoas, animais de carga e bicicletas por entre suas antigas construções. Ali, automóveis não têm vez. O lugar mais parece um labirinto vivo.
Mas essa é justamente a idéia de quem escolhe passar férias na ilha: andar sem destino e se perder por entre as vielas de Stonetown. Mulheres muçulmanas vestindo longos costumes -deixando apenas os olhos descobertos- passeiam ao lado de turistas em total harmonia. São chamadas de "Ninjas". Cerca de 95% da população local de Zanzibar é da religião muçulmana. Interrompem qualquer atividade para rezarem cinco vezes ao dia, como manda o Corão.
Mas engana-se quem acha que encontrará pessoas agressivas que atacam estrangeiros desavisados. Poucos dos muçulmanos que habitam aquelas terras são ortodoxos. Todos são amistosos. Faça um teste: aponte a câmera fotográfica para o muçulmano mais mal-encarado que puder encontrar em Zanzibar. Em troca, receberá um sorriso.
Por um luxuoso hotel quatro estrelas, paga-se US$ 50. Mas quem não quiser gastar muito e, mesmo assim, dormir bem, pode alugar um quarto numa casa de família por US$ 5. Apesar do suahili ser a língua oficial, o inglês é compreendido por todos na ilha -resquício da colonização britânica.
A segurança no lugar é irreal. Os nativos orgulham-se em dizer que, em Zanzibar, não há assaltantes. "O turismo é tudo que temos a oferecer", diz um velho senhor em frente à mesquita central. Bem diferente do passado, quando o porto da ilha era parada obrigatória dos navios mercantes que partiam da Europa em direção às Índias. Na época, cravo era o forte de Zanzibar.
Muito da cultura da ilha pode ser encontrada no Centro Cultural de Zanzibar -com shows de música nativa e performances teatrais- ou na Catedral Anglicana, onde pode-se visitar as câmaras subterrâneas que serviam de moradia para os escravos.
Mas é no Museu do Palácio onde a História de Zanzibar descansa. Os portugueses chegaram ali no século 16 e governaram a ilha até 1652, quando foram expulsos pelo sultão de Omã. Mais tarde, já sob domínio britânico, o mesmo Palácio foi protagonista da mais curta guerra da História. Em 1896, os ingleses bombardearam o prédio durante 45 minutos em resposta a uma revolta contra o torno. Nem é preciso dizer que os britânicos levaram a melhor. Mas a ilha sempre preservou sua personalidade. Como prova disso, Zanzibar ainda hoje possui seu próprio presidente e parlamento. Apesar de pertencer à Tanzânia.
A velha fórmula
O lado leste da ilha, virado para o Índico, abriga um litoral à altura das praias de Cancún ou Fernando de Noronha. Mesmo. Com uma diária US$ 10,00/pessoa, e você terá um chalé com ventilador e banheiro construído sob as areias da praia. Ao abrir a janela um mar azul turquesa, que muda de paisagem todas às tardes com o movimento das marés, invadirá o quarto.
Jambiani é uma das muitas vilas de pescadores que abrigam turistas. Aproveite para conversar com pescadores (a maioria nunca pisou no continente), comer frutas oferecidas pelas crianças nativas, longas caminhadas, mergulhar nas piscinas naturais...

ACESSO
Uma passagem de tarifa cheia, válida por um ano, de São Paulo a Zanzibar com escalas custa US$ 2.784. Mas é possível encontrar passagens bem mais baratas dependendo da época do ano e fazendo conexão em algum país da Europa, como Roma e Londres, que fazem o trajeto semanalmente a preços razoáveis.
PREPARE-SE
A Tanzânia não tem representação consular no Brasil. É preciso ter visto para entrar no país, assim como vacina contra febre amarela.

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