São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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O uso dos "recalls"

HELCIO EMERICH

Por que os "recalls" no Brasil ainda são tão raros? Certamente não é pela excelência de tudo o que se produz aqui (os jornais estão cheios de reclamações contra fabricantes de móveis, computadores, roupas, eletrodomésticos etc.).
Os comunicados de empresas convocando consumidores para substituir ou reparar produtos vendidos com defeitos de fabricação têm sido mais frequentes apenas entre as montadoras de automóveis. A Brastemp também já promoveu "recalls" para determinados modelos de geladeiras.
Carros e refrigeradores são produtos de custo unitário elevado. Quando apresentam problemas, provocam insatisfação proporcional à expectativa que geraram nos usuários. E os fabricantes sabem que é importante antecipar-se às queixas dos consumidores, interrompendo um processo (alimentado pela chamada propaganda boca a boca) que pode deteriorar a imagem da marca.
Nos Estados Unidos, não se passa um dia sem que a imprensa publique "recalls" até para produtos populares, de baixo preço. A Baby Buzz teve que retirar do mercado 26 mil unidades de um brinquedo para distrair crianças no berço. O "Baby Stretch Mobile", um conjunto de bolinhas de plástico com figuras de animais (vendido a US$ 1) trazia riscos de estrangulamento para os bebês porque ficava pendurado no berço por um elástico.
Já a Playskol, fabricante daquelas cadeirinhas altas usadas nos restaurantes para acomodar crianças à mesa, avisou os compradores que um lote de 300 mil unidades da "High Chair", seu mais novo lançamento, apresentava defeito no braço da cadeira, podendo causar quedas das crianças. Nenhum acidente havia ocorrido com os dois produtos, mas a Baby Buzz e a Playskol se comprometeram a trocá-los ou devolver o dinheiro.
Serviço completo
O salão de barbeiros Adorable, da cidade de Montreal, no Canadá, resolveu contratar apenas moças para o atendimento aos seus clientes. Mas não ficou só nisso. Ao solicitar um corte de cabelos, uma barba ou uma limpeza de pele e pagando uma taxa extra de US$ 5, o freguês tem direito a ser atendido por uma jovem vestida apenas com uma lingerie ou com um biquíni.
Por mais US$ 15, as estilistas do salão se apresentam sem sutiã. E se o cliente quiser um tratamento ainda mais diferenciado paga US$ 25 e a funcionária tira toda a roupa.
Apesar dos protestos de moradores vizinhos, as autoridades da cidade alegam que nada podem fazer porque o Adorable foi registrado como um salão comum e não cabe questionar a maneira como seus funcionários se vestem. O sucesso do Salon Adorable foi tão grande que, depois dele, 20 outros "erotic hair salons" foram abertos em Montreal.

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