São Paulo, segunda-feira, 5 de maio de 1997
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Varejo recua com possibilidade de freio

LUIZ ANTONIO CINTRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A expectativa com relação a medidas de freio da economia fez as ações das empresas de comércio recuarem nas Bolsas de Valores. Globex (Ponto Frio) e Arapuã, as duas ações mais negociadas do setor na Bovespa, caíram, respectivamente, 8% e 11% em abril.
Ainda assim analistas de investimentos ouvidos pela Folha consideram que esses papéis continuam sendo boas opções, já o varejo deve continuar registrando boas taxas de lucro e crescimento.
No caso do Unibanco, por exemplo, o analista especializado em varejo Octavio Victor prefere ser um pouco mais conservador, recomendando que os investidores aguardem para que o cenário econômico se defina. Antes das especulações sobre um possível freio no ritmo de atividade econômica, a recomendação era de compra.
"Como não sabemos que medidas o governo pode adotar, preferimos ser mais cautelosos. Mas no longo prazo tanto Globex (Ponto Frio) como Arapuã devem ganhar mercado", avalia Victor.
Já a gerente de renda variável do Banco Boavista, Graça Paiva, considera que os dois papéis são boas opções para compra, mesmo com a queda dos preços em abril.
"As cotações estão muito baixas e as duas empresas devem ter crescimento das vendas", avalia ela.
Demanda reprimida
Graça considera que há uma grande demanda reprimida de produtos das chamadas linhas branca (geladeira, fogão, etc) e marrom (videocassete, microondas, etc), especialmente nos Estados da região Nordeste do país.
Em um ponto a análise do Unibanco e a do Boavista convergem: restrições ao financiamento devem beneficiar as grandes empresas do setor do comércio, que devem ganhar mercado de empresas de menor porte.
Isso deve beneficiar especialmente as três maiores do setor no país: Globex/Ponto Frio, Arapuã e Casas Bahia, sendo que esta última não possui ações em Bolsa.
"Essas grandes empresas de comércio funcionam como bancos. Elas ganham dinheiro na diferença entre a taxa que pagam na captação de recursos e na que cobram em seus crediários", afirma Octavio Victor, do Unibanco.
Atualmente, estima o analista, as grandes empresas do setor pagam uma taxa de juros mensal de aproximadamente 2,5% ao mês e cobram 6,5% de seus clientes.
Nessa comparação, a Globex se sai melhor, já que a holding que controla o Ponto Frio possui também um banco, que consegue captar recursos a preço menor que a Arapuã, por exemplo, diz Victor.
Graça Paiva, do Boavista, diz ainda que tanto Globex como Arapuã têm outras fontes de recursos para financiar suas vendas, dificultando a vida dos concorrentes.
"As grandes empresas de comércio estão com muito dinheiro em caixa. E por isso devem ter bons resultados em 97 e 98."
Assim uma restrição ao consumo terá efeito pequeno sobre o resultado dessas empresas, avalia.
No caso do aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para o crédito ao consumidor, anunciado na sexta-feira, economistas ouvidos pela Folha consideram que os efeitos sobre o ritmo do consumo serão pequenos.

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